FLÁVIA G. PINHO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com a reabertura dos shoppings paulistanos no último dia 11, lojistas estão apreensivos sobre como vão conseguir manter seus negócios com a possível volta da cobrança do aluguel, que foi suspensa durante o fechamento.
Nesses primeiros dias de funcionamento, o fluxo de pessoas dentro dos centros comerciais não chegou nem perto de 20% da capacidade –lotação máxima permitida pelo governo estadual–, segundo Nabil Sahyoun, presidente da Alshop (associação dos lojistas de shoppings).
O tempo médio de permanência, que era de 75 minutos antes da pandemia, caiu para 25 minutos. “O consumidor vê academias, salões de beleza e praças de alimentação fechados, perde o interesse e vai embora”, afirma.
O horário de funcionamento determinado para a capital, das 16h às 20h, somado à queda do poder aquisitivo da população, colaboram para o que Sahyoun classifica como catástrofe. “Os lojistas estão faturando 30% do que faturavam antes”, afirma.
Dona de uma franquia da Lupo no shopping Iguatemi, Isabelle Rochat viu apenas 62 clientes entrarem em sua loja nos quatro primeiros dias de portas abertas –período que incluiu o Dia dos Namorados. O ticket médio, que era de R$ 117, caiu para R$ 100.
Em sua outra franquia, que fica em uma rua da Vila Nova Conceição, o movimento chegou a 75% do registrado antes da pandemia. O valor médio gasto pelos fregueses aumentou de R$ 116 para R$ 207.
“As pessoas vão à loja de rua para comprar. Já no shopping, não vi muita gente pelos corredores, muito menos com sacolas nas mãos”, diz.
A mesma percepção teve a empresária Ivete Farah, dona de uma franquia do Sterna Café no subsolo do shopping Eldorado. Com mesas e cadeiras interditadas, a lanchonete tem vendido bebidas e comidinhas no balcão.
Como a clientela não tem onde se sentar, o movimento despencou. “Antes, atendia cerca de 200 pessoas por dia, com ticket médio de R$ 16. Agora, meu faturamento não chega a 0,1% do anterior”, diz.
Valquirio Cabral Junior, sócio-diretor do Grupo Cabral, que tem 18 franquias em 15 shoppings de 11 cidades, relata que a queda de vendas na capital paulista tem sido mais acentuada do que em outros lugares.
“Além do horário de funcionamento, que é mais reduzido em São Paulo, questões típicas da metrópole, como a dificuldade com transporte e o avanço da doença, contribuem para que o paulistano continue com medo”, diz.
Alguns protocolos de segurança também tiram a vantagem da loja física em relação à virtual: está proibido experimentar roupas e sapatos e tocar nas peças em exposição.
Mas o que mais preocupa os lojistas é a incerteza em relação à cobrança do aluguel e do condomínio.
Durante os meses em que os shoppings permaneceram fechados, os aluguéis ficaram suspensos. Os encargos, que incluem condomínio e despesas com propaganda e marketing, foram reduzidos entre 40% e 60%, segundo a Abrasce (associação dos shoppings).
Mas os empreendedores não sabem ainda como será a cobrança daqui para frente.
“Está um alvoroço entre os lojistas. Ninguém sabe se as administradoras vão levar em conta a queda do faturamento”, afirma Isabelle.
Pela loja de 50 m² no shopping Iguatemi, ela paga R$ 24 mil de aluguel. Somando as taxas, o custo fixo chega a R$ 40 mil. “Infelizmente, pequenos lojistas têm pouco poder de barganha com as administradoras”, diz a empresária.
“A política de cobrança durante o fechamento não foi negociada, mas pelo menos foi correta. Agora, se insistirem na cobrança integral, é o caso de pensar em fechar a loja.”
Procurada, a administração do Iguatemi informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “a política para o mês de junho está em estudo”.
O presidente da Abrasce, Glauco Humai, tenta tranquilizar os lojistas. Ele afirma que os cálculos são ainda estão sendo feitos, mas garante que as dificuldades do comércio estão sendo levadas em conta pelas administradoras. “Durante três meses, fomos parceiros dos lojistas e nos esforçamos para mantê-los vivos. Agora não vai ser diferente”, diz Humai.
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