Por Cristina Indio – Repórter da Agência Brasil
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje (29) que o governo mantém-se resiliente e inabalável na determinação de furar as duas ondas provocadas pela crise da pandemia da covid-19: primeiro, a da saúde, que já está sendo enfrentada, e depois a da economia. Segundo o ministro, o país caiu rápido, e a volta depende de ações próprias.
Guedes disse que quer ver a economia em movimento semelhante a um “V”, com recuperação após a queda, porque os sinais vitais estão mantidos, mas ressaltou que isso depende da reação do país.
“Pode ser um ‘U’, ou pode ser um ‘L’, de cair e virar depressão. Prefiro trabalhar com o ‘V’. Pode ser um ‘V’ meio torto? Pode. Pode ser um ‘V’ light? Pode. Caiu rápido, vai subir um pouco mais devagar, mas ainda é um ‘V’”, explicou o ministro, ao participar de debate virtual promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre propostas para o desenvolvimento do mercado de gás natural nacional que compõem o estudo Gás para o Desenvolvimento, divulgado nesta semana pelo banco.
Guedes disse que é preciso concentrar esforços para superar a crise e aperfeiçoar as instituições democráticas, valorizar a estrutura institucional existente, em vez de se jogarem uns contra os outros, de atrapalharem uns o trabalho dos outros. Segundo o ministro, é preciso entender que isso (covid-19) veio de fora. “O vírus veio de fora e está atacando o mundo inteiro.”
Ele afirmou que, no governo, ninguém quer apoio a erros. “Cometemos erros? Nos condenem, nos critiquem, nos ajudem. Mas também, no meio de uma luta para salvar vidas, ficar sendo apedrejado enquanto ajuda, a mim não me derruba, não me afeta. Eu acho um crime contra a população brasileira. Não contra mim, contra o presidente da República, ou contra quem for, ou a qualquer um de nós”, disse.
O ministro enfatizou que, em uma democracia, é natural haver divergências. “É uma virtude da democracia a demarcação de territórios. É natural. Quando um poder pisa no outro, o outro dá um empurrão de volta. Isso é natural. Não é para a gente dizer que o Brasil vai acabar por causa disso, que nunca mais vai funcionar, que é uma destruição do capital institucional que nós temos, que é um golpe. Não tem nada disso. É natural. É da própria crise”, afirmou.
Entendimento
Para Gueses, não se pode dividir a questão entre a saúde e a economia. “Alguém acha que a asa esquerda é mais importante, outro acha que é a asa direita. Um pássaro não voa sem as duas asas. As pessoas não vão conseguir tocar a economia preocupadas com a saúde. As pessoas não vão salvar a saúde se destruírem a economia. O pássaro, para voar, precisa das duas asas, da saúde e da economia. Uma asa foi atingida – a primeira – e agora a segunda começa a ser atingida.”
Guedes pregou o entendimento e a união no Brasil. “Precisamos de cooperação, colaboração, compreensão, solidariedade, fraternidade. É natural que, nessa ansiedade – cada um a seu estilo – um pise no pé do outro. Quem foi pisado, dá um empurrão de volta. Agora, acabou: um deu empurrão, outro tomou empurrão de volta, e todo mundo empurrando para chegar à margem. Quando chegar à margem, começa a briga de novo. Pode brigar à vontade, na margem. Se brigar a bordo do barco, o barco naufraga.”
Exportações e crédito
O ministro destacou que, nesta crise, o Brasil foi a única economia do mundo que manteve o crescimento das exportações. “Em uma crise como essa, que está rompendo cadeias globais de produção, os países parando de exportar uns para os outros,;no nosso caso, como a gente exporta comida, está aumentando a demanda por exportações brasileiras.”
A oferta de crédito, no entanto, não segue o mesmo ritmo. Como reflexo da pandemia, a demanda por crédito aumentou de forma explosiva, apesar de haver mais crédito, mas não na quantidade necessária. “O capital de giro das empresas brasileiras desapareceu porque a economia travou. Quando todas as empresas têm uma queda no faturamento, porque o Brasil desacelerou fortemente, é natural que falte capital de giro”, explicou.