
Boa parte dos pedidos de desligamento estão atrelados à má relação com chefe, relata o diretor do LinkedIn para América Latina e África, Milton Beck.
A relação, considerada ‘vital’ pelo executivo do LinkedIn, geralmente molda a visão do funcionário sobre a empresa.
“As pessoas geralmente falam da sua relação com a empresa. Em 90% dos casos é a relação com o chefe. O que você chama de ’empresa’, para um é o chefe A, para outro é o chefe B. Se a sua relação com seu chefe não é boa e não é produtiva, é um caminho perfeito para você ter estresse”, analisa o diretor do LinkedIn em entrevista ao Dinheiro Entrevista.
“Quando você vê que a pessoa saiu da empresa X, ela não saiu da empresa X: na maior parte dos casos ela ‘saiu’ do chefe“, completa Milton Beck.
Segundo o executivo, trata-se de um dos fatores que ‘mais causam estresse e burnout nos funcionários’, e consequentemente motiva uma eventual demissão.
Um dos modos de evitar esse tipo de problema, segundo Beck, é redobrar a atenção com a comunicação e avaliar sua parcela de culpa em problemas cotidianos do mundo corporativo.
“É importante se colocar no lugar do outro e tratar o outro como gostaria de ser tratado. Muitas vezes uma relação, uma fala, um e-mail, é desproporcional ao que realmente aconteceu. As pessoas estão em ponto de bala, em ponto de antagonismo.”
Mais de 60% das habilidades necessárias vão mudar até 2030
Nos próximos anos, uma boa parte das competências que hoje fazem parte do currículo dos profissionais deixará de ser útil, segundo Beck.
O ritmo acelerado das mudanças no mercado de trabalho, impulsionado por inteligência artificial e outras inovações, tende a transformar o que as empresas procuram nos profissionais. De acordo com Beck, a tendência é que até 2030 cerca de 65% das habilidades exigidas hoje sejam diferentes.
“O futuro do trabalho é baseado em criar e desenvolver novas habilidades. Está havendo uma mudança muito grande no que as empresas esperam e no que os profissionais tem de habilidades definidas. Até 2030, 65% das habilidades necessárias vão mudar”, diz Milton Beck.
Para ele, quem quiser se manter competitivo precisa buscar novos aprendizados de forma constante. Interromper esse processo, segundo Beck, pode significar ficar para trás no ambiente corporativo.
Entre as competências que devem ganhar importância, o executivo aponta as habilidades relacionadas a relacionamento interpessoal e convivência no ambiente profissional. Isso porque, enquanto tarefas técnicas são facilmente automatizadas, lidar com pessoas segue sendo algo mais difícil de substituir.
“Além das capacidades técnicas, gostaria de citar habilidades interpessoais, porque são áreas que dificilmente serão substituídas por máquinas”, analisa.
Desta forma, o grande foco de quem está no mundo corporativo deve ser em ganhar conhecimento sobre o novo ferramental de IA, mesmo que não seja necessário se tornar um especialista do tema.
“Agora que estamos falando bastante sobre inteligência artificial, se começa usando IA. Temos que começar a usar, interagir, aprender a fazer os prompts, as perguntas, ver que tipo de respostas vêm a depender das perguntas. É uma área que cresceu bastante mas vai seguir crescendo ainda mais. Cada vez mais veremos a IA como uma parte integrante do trabalho da maioria das pessoas”, comenta.
A visão do diretor do LinkedIn é de que os trabalhos repetitivos ‘serão substituídos por IA, fazendo com que os profissionais tenham mais tempo hábil para executar tarefas mais criativas.
Fonte: IstoéDinheiro