
Preso há dez dias por envolvimento em atos pró-Palestina na Universidade Columbia, Mahmoud Khalil, que se formou na instituição, chamou a si mesmo nesta terça-feira (18) de prisioneiro político. Ele é acusado de ser um dos líderes dos protestos, que se espalharam pelos Estados Unidos no ano passado.
A declaração, a primeira desde que ele foi detido, foi feita em uma carta que veio a público. “Minha prisão foi consequência direta do exercício do meu direito à liberdade de expressão, pois defendi uma Palestina livre e o fim do genocídio em Gaza, que foi retomado com força total na noite de segunda”, disse Khalil.
Ele se referia ao rompimento de uma trégua, na segunda-feira (17), com os ataques feitos por forças de Israel ao território palestino. As ações militares ocorreram após emperrar as negociações para as próximas fases do cessar-fogo e para novas trocas de reféns israelenses por prisioneiros palestinos.
A prisão de Khalil, residente permanente nos EUA, foi criticada por vários grupos que atuam com direitos humanos e que descreveram a ação como um ataque à liberdade de expressão e ao devido processo legal. Mais de cem legisladores democratas da Câmara americana questionaram a legalidade da detenção em uma carta enviada ao governo do presidente Donald Trump.
Os advogados do Departamento de Justiça afirmam que Khalil, 30, estava sujeito à deportação porque o secretário de Estado, Marco Rubio, determinou que sua presença no país poderia ter “consequências adversas para a política externa”.
O governo não explicou como Khalil poderia prejudicar a política externa do país, entretanto. Sem apresentar provas, Trump o acusou de apoiar o Hamas, o que a equipe jurídica do acusado nega.
A prisão, em 8 de março, motivou protestos em várias cidades dos EUA, inclusive em Nova York, nesta terça (18), quando centenas de pessoas se reuniram na Times Square pedindo sua libertação.
Trump prometeu deportar ativistas pró-palestinos que participaram de protestos em campi universitários americanos contra a guerra de Israel em Gaza. Segundo o republicano, os manifestantes são antissemitas e apoiam grupos terroristas.
Os campi nos EUA, incluindo o de Columbia, foram abalados por protestos estudantis contra a guerra na Faixa de Gaza após os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023.
Algumas dessas manifestações geraram acusações de antissemitismo e se tornaram violentas, com ocupações de prédios no campus e confrontos entre estudantes contra e a favor das ações de Israel.
Os defensores pró-palestinos, incluindo alguns grupos judeus, dizem que suas críticas ao ataque de Israel a Gaza são erroneamente confundidas com antissemitismo por seus críticos, enquanto seu apoio aos direitos palestinos é confundido com o apoio aos militantes do Hamas. Khalil disse na carta de terça-feira que sua prisão era um indicativo de racismo antipalestino.
Fonte: FolhaPress