No Mundo
Segunda-feira, 10 de março de 2025

Mark Carney será novo premiê do Canadá

Escolhido por seu partido para assumir mandato-tampão após saída de Justin Trudeau, ex-chefe do Banco Central enfrentará ameaças tarifárias de Donald Trump e disputará a próxima eleição com os conservadores da oposição.O Partido Liberal elegeu neste domingo (10/03) o ex-diretor dos bancos centrais do Canadá e do Reino Unido, Mark Carney, de 59 anos, como seu novo líder e, consequentemente, como o novo premiê do país. Ele sucederá o atual chefe de governo, Justin Trudeau, que anunciou sua renúncia em janeiro após mais de nove anos no cargo e em meio à erosão do apoio tanto no seu partido como entre os eleitores, abalado pela inflação dos alimentos e da habitação e pelo aumento da imigração, dentre outros fatores.

Na votação realizada entre os 400 mil filiados à legenda, dos quais cerca de 150 mil foram às urnas, Carney superou por ampla margem (85,9% a 8%) a ex-vice-primeira-ministra e ex-ministra das Finanças Chrystia Freeland, cuja renúncia aos cargos, em dezembro do ano passado, desencadeou a crise que culminou no pleito deste domingo.

Após sua eleição como líder do Partido Liberal, Carney substituirá Trudeau como primeiro-ministro do país até que sejam convocadas eleições gerais, o que poderá ocorrer em abril.

Depois de ser declarado o novo líder da legenda, Carney disse que “o Partido Liberal do Canadá está unido, forte e pronto para lutar para construir um país ainda melhor” e citou várias vezes o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e suas ameaças contra a economia e a soberania do país.

Trump tem falado repetidamente em anexar o Canadá e impôs tarifas que vão e voltam, ameaçando o comércio bilateral – a força vital da economia do país.

“Meu governo colocará em ação um plano para construir uma economia mais forte e novas relações comerciais com parceiros comerciais confiáveis”, disse Carney, além de ressaltar que o Canadá não pode deixar Trump ter êxito nas ameaças.

Ele afirmou que o presidente americano está “atacando os trabalhadores, as famílias e as empresas” do Canadá. “Não podemos permitir que ele tenha sucesso”, afirmou Carney.

“Meu governo manterá nossas tarifas até que os americanos nos respeitem”, disse ele, se referindo às taxas retaliatórias impostas em resposta às determinadas por Trump. E também acrescentou: “Os Estados Unidos não são o Canadá, e o Canadá nunca fará parte dos Estados Unidos de forma alguma”.

“Desafio existencial dos EUA”

Em seu discurso de despedida do partido, Trudeau alertou que o Canadá enfrenta um “desafio existencial” dos EUA.

Mark Carney será o primeiro primeiro-ministro canadense sem experiência política, nunca tendo ocupado um cargo público eleito ou servido em um gabinete.

O novo líder liberal, que não é deputado e nunca foi eleito para a câmara baixa do Parlamento canadense, terá que decidir nas próximas semanas se convocará uma eleição antecipada ou se vai esperar que os partidos de oposição apresentem uma moção de desconfiança contra seu governo.

Agora, ele liderará os liberais em um pleito que deverá ser realizado até 20 de outubro, no mais tardar.

O Partido Liberal está em minoria no Parlamento canadense, cujo mandato foi prorrogado por Trudeau em janeiro. A Casa retomará suas sessões em 24 de março.

Os três partidos de oposição – Partido Conservador, o social-democrata Novo Partido Democrático (NPD) e o pró-soberanista Bloco Quebequense (BQ) – já anunciaram que pretendem forçar eleições antecipadas.

“Estrela de rock”

Mark Carney foi comparado a uma “estrela de rock” em 2013, quando foi nomeado pelo então premiê britânico David Cameron e se tornou o primeiro estrangeiro a ocupar o cargo de chefe do Banco de Inglaterra – o Banco Central do Reino Unido – desde a fundação da entidade, em 1694.

A nomeação de um canadense para o cargo atraiu elogios bipartidários no Reino Unido, depois de o Canadá ter se recuperado mais rapidamente do que muitos outros países da crise financeira de 2008. Ao longo do seu percurso, Carney ganhou a reputação de ser um regulador duro.

É um economista altamente qualificado, com experiência em Wall Street, a quem se atribui o mérito de ter ajudado o Canadá a evitar o pior da crise econômica global de 2008 e de ter ajudado o Reino Unido a gerir o Brexit.

Fonte: Deutsche Welle