Horn, chefe do WhatsApp no Brasil, Índia e Indonésia, aposta em B2B para monetização do app
No Brasil, todo mundo tem WhatsApp. É difícil encontrar quem não use cotidianamente o aplicativo verdinho de mensagens que, aqui, virou ‘zap’. O mensageiro da Meta, também dona do Facebook e Instagram, dominou o Brasil na última década – mas ainda tem o desafio de gerar receita para a companhia.
“O PIB do Brasil já passa pelo WhatsApp”, diz Guilherme Horn, executivo que comanda o aplicativo no Brasil, Índia e Indonésia. E a empresa quer um naco desse PIB. A maior aposta era transformar o aplicativo em meio de pagamento mas, enquanto o serviço entrou no limbo do BC, os usuários se engajaram no Pix. O jeito foi abraçar a ferramenta, que ganhou um atalho novo.
Neste mês, o WhatsApp lançou uma função que permite aos usuários, com um clique, transferir a chave do Pix para o interlocutor, evitando erros de digitação e dando agilidade para o autônomo ou pequeno comerciante que repete essa tarefa várias vezes ao dia. Horn diz que ficava inconformado de não ter uma função de Pix dentro do app e que o recurso recém-lançado mostra a relevância do mercado local para a Meta.
Ao mesmo tempo, o app suspendeu a opção de transferências entre pessoas físicas, que pode ter alguma integração futura com Pix, e manteve apenas a função de transações entre pessoas físicas e empresas, justamente porque seu foco de monetização passou a ser os serviços e parcerias com o universo corporativo.
“Vamos sempre ser um aplicativo de comunicação privado e seguro, mas também um ambiente favorável para negócios”, diz Horn. “Não temos o objetivo de tornar o WhatsApp uma instituição financeira e dar crédito. Então, se o hábito do brasileiro é pagar com Pix, é natural que tenhamos o Pix no WhatsApp.”
O executivo, que chegou à companhia de Mark Zuckerberg em 2022 como chefe da operação do WhatsApp no Brasil e assumiu América Latina no ano seguinte, passou por companhias como Ágora, Órama, BB e Accenture. Hoje, os três países que coordena, chamados de mercados estratégicos, somam mais de um bilhão de usuários do app – um terço do total de usuários do Whatsapp.
Para não perder a relevância que já angariou, a companhia não quer encher o app de anúncios e espantar o usuário, mas encontrar soluções de longo prazo. Aplicativos como o Telegram dispõem de recursos pagos para os usuários, mas na aposta B2B da Meta estão itens como a adição do selo azul de verificação (igual ao X, Instagram e Facebook) para contas corporativas no WhatsApp, com assinatura mensal de R$ 55; uso da API do WhatsApp por empresas; e o MetaAI, chatbot de conversação lançado neste ano que deve ganhar a função de automação de mensagens para negócios.
Startups como Magie, Mecanizou e Alfredo estão criando produtos operacionalizados no serviço da Meta. Os principais bancos brasileiros já permitem fazer operações e transações pelo canal de atendimento automático do app. Segundo Horn, são mais de 100 casos de uso do setor financeiro no país.
“O Brasil lidera a inovação no WhatsApp. O que as startups e empresas estão fazendo no aplicativo serve de benchmark no mundo inteiro”, afirma o executivo, que não abre a receita atual do app no país.
Fonte: Valor Pipeline