Economia
Quinta-feira, 4 de julho de 2024

Indicado por Lula, Picchetti contraria governo e defende autonomia financeira do BC

Diretor da autarquia chama medida de “projeto de Estado” e diz que alinharia país as melhores práticas internacionais

A proposta de autonomia financeira do Banco Central que tramita no Congresso Nacional alinharia o país à melhores práticas internacionais, disse nesta segunda-feira (9) o diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos da autarquia, Paulo Picchetti.

Em live promovida pelo BC, Picchetti afirmou que o cenário atual mostra uma crise para a execução de projetos da autoridade monetária, incluindo as áreas de tecnologia e gestão de reservas internacionais, por conta das restrições orçamentárias da União.

“Isso não quer dizer que o Banco Central pode fazer o que quiser, seja em política monetária, seja com salários de servidores, seja com gestão de reservas. O BC, pela proposta, continua vinculado ao Conselho Monetário Nacional na definição de vários objetivos estratégicos, não é uma carta em branco”, acrescentou.

A autoridade monetária ganhou autonomia operacional em 2021 e, mais recentemente, a cúpula da autarquia passou a defender um novo passo com a autonomia financeira, que daria liberdade para que a instituição administre suas receitas. Hoje, as contas do BC são vinculadas à União.

Como mostrou a Reuters, a autoridade monetária enviou ao Ministério do Planejamento e Orçamento um pedido de aumento de 20% em suas verbas discricionárias para 2024, argumentando que a atual insuficiência de recursos gera riscos operacionais e de segurança.

“Junto com vários outros projetos do banco, atualmente a gente tem uma crise, pelas restrições que o Orçamento da União tem, para justamente fomentar esses projetos”, disse Picchetti nesta segunda-feira, citando ações de modernização digital e qualificação de servidores para gestão das reservas.

Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com a previsão de autonomia financeira tramita no Congresso e recebeu aval da diretoria do BC, mas tem enfrentado resistências no governo.

Em março, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que discorda de dispositivos da PEC e disse que caberia uma conversa prévia do presidente do BC, Roberto Campos Neto, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o tema, algo que não ocorreu.

Na live, Picchetti ainda afirmou que com 350 bilhões de dólares em reservas internacionais, Brasil está bem alinhado com a prática observada em economias similares no resto do mundo, quando se analisa o montante em proporção do PIB.

Fonte: InfoMoney