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Quarta-feira, 24 de julho de 2024

Na publicidade, uma “startup” de R$ 1,2 bilhão chacoalha o mercado

No campo da publicidade, é habitual ocorrerem mudanças de pessoal, com talentos que saltam de agência em agência e outros que, depois de construírem seus nomes, optam por empreender e criar suas próprias marcas. O que não é comum é uma agência se tornar uma gigante em menos de um ano e meio de existência, movimentando mais de R$ 1,2 bilhão em compra de mídia e causando um impacto significativo no mercado.

Esse é exatamente o percurso que Eduardo Simon, Rafael Urenha, Paulo Ilha e Pedro Cruz têm trilhado como fundadores da Galeria, uma agência de publicidade formada por ex-executivos da DPZ&T, do grupo Publicis. Eles trouxeram consigo importantes contas, como Itaú, McDonald’s e Natura. “Mas em um ano de operação, quadruplicamos o tamanho da agência”, afirma Simon ao NeoFeed. “Neste ano, esperamos movimentar R$ 1,5 bilhão.”

Gradualmente, segundo Simon, a Galeria conquistou clientes como Tiktok, Kavak, Enjoei, Vivo e outras grandes marcas. No final do primeiro ano de operação, tinham 12 clientes, e hoje são 14, incluindo marcas globais como Azeite Gallo. O número de profissionais cresceu de 120, quando a agência foi fundada em meio à pandemia, em setembro de 2021, para 410 atualmente.

“Quando fundamos a Galeria, tínhamos a ambição de estar entre as cinco maiores agências em três anos”, revela Simon. Não apenas eles aceleraram esse processo, tornando-se a segunda maior compradora de mídia, de acordo com o Cenp-Meios, mas também conquistaram o Caboré, o prêmio mais prestigiado da propaganda brasileira, em 2022.

Simon explica que o “pulo do gato” foi simplificar o ecossistema de comunicação, que está cada vez mais complexo. “Às vezes, um anunciante precisa de 12 fornecedores para executar o que chamamos de funil completo de comunicação, porque existem especialistas em redes sociais, out of home e agências generalistas”, afirma ele.

A sacada foi reunir diferentes dados e tecnologias em uma única plataforma e gerenciar tudo de forma unificada. “Isso seria mais vantajoso para os anunciantes em termos de investimento e gestão da comunicação”, explica. Como resultado, a Galeria criou hubs dentro da própria agência.

Por exemplo, eles estabeleceram um hub do TikTok com uma equipe treinada pela própria plataforma. Nas campanhas, eles utilizam criadores do TikTok e sua linguagem característica. Outro hub é o Vitrine, voltado para out of home, que continua crescendo. Com dados de telefonia, eles conseguem mapear a quantidade de pessoas impactadas pelas campanhas e como estão sendo afetadas.

“A Galeria já é a maior compradora de mídia out of home do Brasil, com investimentos entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões”, afirma Simon. Os outros hubs dentro da agência incluem YouTube, para criação de conteúdo para a plataforma; Frame, uma produtora de audiovisual com foco em pós-produção; Catalyst, com estratégia de crescimento; e Social e Influência, voltados para redes sociais.

Para capturar a atenção dos consumidores, também foi necessário entender que era preciso transformar a maneira de se comunicar. “Temos uma geração sob demanda, que não gosta de ser interrompida. Portanto, transformar a comunicação em entretenimento é a solução mais eficaz, uma comunicação que as pessoas estejam dispostas a assistir e compartilhar.”

O que isso significa na prática? “Nunca foi tão difícil e complexo se comunicar. Antigamente, bastava criar um grande filme e investir em mídia. Hoje, envolve microinfluenciadores, veículos de nicho, redes sociais”, observa Simon. E algo impensável no passado, como “brincar” com o nome de uma marca, se tornou possível.

Foi o que aconteceu quando Simon e sua equipe transformaram o McDonald’s em Méqui. “Percebemos nas redes sociais que as pessoas chamavam de Méqui. Até algumas lojas foram alteradas para Méqui”, relata ele. Eles também identificaram nas redes sociais que as pessoas compartilhavam peculiaridades relacionadas ao McDonald’s, como molhar batatas fritas no Sundae e assim por diante. Daí surgiu a campanha Méquizices.

Com isso, a Galeria começou a exportar campanhas do McDonald’s para outros países da América Latina e conquistou a conta do Azeite Gallo em 28 países. “Antes, era mais comum o Brasil receber campanhas globais, mas agora é o contrário”, afirma Simon. E ele acrescenta: “É difícil encontrar uma indústria na qual o Brasil seja tão relevante quanto a publicidade.”

Fonte: Neofeed