Economia
Quarta-feira, 24 de julho de 2024

“Queremos mais mulheres em áreas estratégicas do mercado financeiro”, afirma Maria Cristina Sampaulo, do Goldman Sachs

Executiva é uma das lideranças à frente da iniciativa Dn’A Women – Develop and Achieve, em parceria com BNP Paribas, Deutsche Bank e Grupo UBS no Brasil

Quatro grandes bancos estão tentando mudar “a cara” do mercado financeiro no Brasil. Hoje, os homens ocupam 76,38% dos cargos no setor, enquanto as mulheres estão em apenas 23,62% dos postos, segundo dados da B3. Na tentativa de atrair mais mulheres, Goldman SachsBNP ParibasDeutsche Bank e Grupo UBS no Brasil realizam o curso Dn’A Women – Develop and Achieve, iniciativa para abrir oportunidades de carreira nesse mercado.

Líder de Diversidade e Inclusão para América Latina do Goldman Sachs, Maria Cristina Sampaulo é uma das lideranças à frente do projeto, e afirma que as oportunidades de carreira dentro do mercado financeiro não chegam até o conhecimento das profissionais. “No próprio Goldman, a gente percebe que consegue atrair mulheres para vagas de suporte, por exemplo, controladoria ou RH, mas para as áreas de negócios, aquelas que geram receita para o banco — investimentos, áreas de pesquisa — é muito mais desafiador”, observa.

Por isso, a ideia por trás do projeto é que as mulheres passem a considerar também cargos estratégicos dentro dos companhias, sejam bancos, corretoras de investimentos, gestoras de fundos ou fintechs. “Depois da primeira edição, fizemos um mapeamento e constatamos que 70% das mulheres que participaram do curso foram trabalhar no mercado financeiro”, conta Maria Cristina. “Os resultados foram supreendentes porque, ao entrarem no programa, só 25% das profissionais olhavam para o setor como opção de emprego”, recorda.

As mentoradas recebem aulas divididas em cinco módulos: comunicação, finanças pessoais, mercado financeiro, liderança e autoconhecimento. Além das competências técnicas, o curso visa as habilidades comportamentais, as soft skills, com mapeamento de perfil comportamental, de estilo de trabalho e de motivações profissionais. As 60 estudantes selecionadas em cada turma recebem também mentoria pessoal de executivas e executivos dos bancos. Ao todo, são 120 mentores.

A edição de 2022 já está em andamento e a graduação está prevista entre o final de 2024 e 2025. Para as interessadas em participar, vale ficar de olho: as vagas da próxima edição devem abrir em junho de 2023.

O Dn’A Women também conta com o apoio da WILL (Women in Leadership in Latin America), Cescon Barrieu, Grupo Cia de Talentos, Bettha, Bloomberg e B3. O conteúdo do programa é facilitado por empresas também lideradas por mulheres como a Serh1, Denise Damiani Consultoria, Eufrásia, Assessorlux, SHP Treinamentos, Impulso Beta e The School of Life.

Lideranças comprometidas

Para Maria Cristina, quanto mais as empresas desenvolvem entre suas lideranças o tema da diversidade de gênero, melhores são as percepções culturais entre os colaboradores — o que tem impacto direto na permanência de mulheres no ambiente corportivo. “Quantas vezes as mulheres são vistas como agressivas quando fazem movimentos de carreira semelhantes aos dos homens? Quando solicitam aumentos de salário, promoções, como avaliamos o discurso das mulheres? Essas questões são trabalhadas no Goldman em treinamentos internos”, afirma a executiva.

O formato de parceria entre os quatro grandes bancos é outra aposta acertada do programa Dn’A Women, avalia Maria Cristina. “Quanto mais instituições envolvidas, melhor, é ainda mais rico para as participantes. O movimento deve ser de cooperação entre as empresas, de trabalharmos juntos a fim de trazer outra perspectiva para dentro do mercado financeiro”, conclui.

Fonte: Época Negócios