Política
Domingo, 14 de dezembro de 2025

Manutenção do mandato de Zambelli desafia STF, que reivindica palavra final

Corte também põe lupa em rito da Câmara sobre Ramagem, condenado por tentativa de golpe de Estado

O processo envolvendo a deputada bolsonarista tem potencial para fazer surgir um novo ponto de atrito entre o Legislativo e o Judiciário. Agora, a Corte também coloca lupa nos ritos da Câmara sobre o mandato do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), que deve ser analisado na próxima semana pelo plenário da Casa.

O impasse entre os poderes se resume basicamente a uma pergunta: no caso de um parlamentar condenado à perda do mandato, a Câmara deve apenas cumprir a decisão do STF ou há margem para reversão do cenário, mediante votação?

No passado, em casos semelhantes, ex-presidentes da Câmara — como Rodrigo Maia e Arthur Lira — já defenderam publicamente que o Legislativo deve ter autonomia para definir o futuro dos deputados condenados.

Hugo Motta (Republicanos-PB) dá sinais de que segue a mesma linha. Tanto com Zambelli quanto com Ramagem, o atual presidente da Câmara preferiu submeter a decisão à avaliação colegiada.

Por outro lado, no Supremo, a avaliação geral é de que a cassação deveria ser automática. Ou seja, proclamado o resultado pela Corte, caberia à Câmara tão somente declarar formalmente a perda do mandato.

Foi assim com o caso do ex-deputado Paulo Maluf, em 2018. Depois de ser condenado pelo STF pelo crime de lavagem de dinheiro, a Mesa Diretora da Câmara simplesmente cassou seu mandato em cumprimento à decisão. Não houve qualquer votação.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), anunciou que vai acionar o STF contra a manutenção do mandato de Zambelli. Ministros do Supremo projetam que o caso da deputada pode ser o ponto de partida para que a Corte fixe definitivamente essas balizas.

Zambelli, que está presa na Itália, foi condenada à perda do mandato pela invasão dos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e pelo episódio de perseguição armada em São Paulo, às vésperas da eleição de 2022. Somadas, as penas ultrapassam 15 anos.

Já a sentença de Ramagem diz respeito à participação no “núcleo crucial” da trama golpista. Ele foi condenado à cassação e a 16 anos de prisão, mas está foragido nos Estados Unidos.

Fonte: CNN