No Mundo
Segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Megaterremoto: Japão eleva vigilância após tremor e alerta estatístico

Aviso excepcional da agência aumenta foco na prevenção e mobiliza comunidades do norte do país

Autoridades japonesas emitiram um aviso raro sobre a possibilidade de um megaterremoto, de magnitude igual ou superior a 8, após o tremor de 7,5 que atingiu a costa de Aomori. A informação, divulgada inicialmente pela BBC News Brasil, é confirmada por fontes oficiais e por grandes agências internacionais, como Associated Press e Reuters.

É importante considerar que a diferença entre eles não é de “apenas meio ponto”. Como a escala de medição é logarítmica, um terremoto de magnitude 8,0 libera cerca de 5,6 vezes mais energia do que um terremoto de 7,5. Portanto, seria um evento muito mais destrutivo.

O alerta, que não configura uma previsão determinista, baseia-se em estatísticas históricas avaliadas pela Agência Meteorológica do Japão (JMA) e indica um aumento discreto, porém relevante, na probabilidade de um grande abalo sísmico ao longo da Fossa do Japão e da Fossa de Chishima nos próximos dias.

Segundo a Associated Press, a chance de ocorrência de um terremoto dessa magnitude subiu de níveis residuais — em torno de 0,1% — para aproximadamente 1%, cobrindo 182 municípios de Hokkaido a Chiba. A elevação do risco é considerada suficiente para justificar medidas de prevenção, ainda que o cenário mais crítico seja improvável.

O alerta atual se soma a estimativas já divulgadas anteriormente pelo governo japonês, que apontam probabilidade entre 60% e 90% de um megaterremoto ocorrer na Fossa de Nankai nos próximos 30 anos — risco amplamente documentado por estudos governamentais e acadêmicos.

A dificuldade de prever terremotos

imprevisibilidade dos terremotos decorre do fato de que não existe, até hoje, nenhum indicador físico mensurável que permita antecipar com precisão e boa antecedência quando, onde e com qual magnitude ocorrerá um novo tremor.

Mesmo regiões altamente monitoradas registram centenas de pequenos tremores por ano, mas apenas uma reduzida fração evolui para eventos significativos. Não há padrão confiável que permita dizer quando um pequeno tremor poderá evoluir para algo mais relevante com muita antecedência (dias ou horas).

Há uma boa notícia, entretanto. O avanço mais promissor não está na previsão antecipada, mas nos sistemas de alerta precoce, capazes de detectar o terremoto após o início da ruptura, porém antes que as ondas mais destrutivas cheguem às pessoas.

Um sistema denominado ShakeAlert está em uso na costa oeste dos EUA e avisa sobre a ocorrência de tremores mais significativos com até 30 segundos de antecedência. Isso pode parecer pouco, mas ao receber um alerta desse tipo em seus telefones celulares, as pessoas podem sair de edificações ou buscar abrigo em áreas mais protegidas em edifícios. Também permite que trens reduzam a velocidade e elevadores parem nos andares adequados.

Isso é possível a partir de uma rede de sismógrafos que detectam os movimentos do solo. Com a análise dessas vibrações, é possível inferir a ocorrência de tremores mais intensos. Um sistema equivalente está em uso no Chile, país onde a ocorrência de tremores de diversas intensidades é quase diária.

O Google está implantando um sistema similar de detecção com a utilização de telefones celulares com sistema Android e seus detectores de movimento. O sistema transforma milhões de celulares em uma rede capaz de identificar os primeiros sinais de um terremoto.

Os acelerômetros dos aparelhos registram vibrações típicas das ondas iniciais do tremor e enviam esses dados imediatamente aos servidores do sistema. Quando muitos telefones detectam o mesmo padrão ao mesmo tempo, o Android confirma o evento, estima o epicentro e dispara alerta segundos antes das ondas mais fortes chegarem.

Essa janela curta pode ser suficiente para que pessoas busquem abrigo e serviços essenciais sejam interrompidos com segurança.

Fonte: CNN