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Sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Joesley admite ‘ajuda’ em aproximação entre Lula e Trump

O dono da JBS, Joesley ajudou na operação de bastidores para solucionar a crise entre o Planalto e a Casa Branca. Lula deve se reunir com Trump neste fim de semana na Malásia

Para marcar o que entendem ser a grande diferença em relação à política dos “campeões nacionais” dos dois primeiros mandatos de Lula, os irmãos Batista sustentam que agora é a JBS que está ajudando o governo brasileiro a avançar na relação com a Indonésia – e não o contrário. “Nós fomos convidados a vir (à Indonésia) olhar a oportunidade e demonstramos interesse”, disse Wesley Batista em Jacarta. “Não necessariamente tem a ver com nada de governo do lado brasileiro”, emendou.

É um argumento que faz sentido, mas apenas em parte. A máquina do governo tem, sim, colaborado no processo que vai resultar na ampliação dos negócios da J&F no arquipelágo indonésio. Não por outra razão, os irmãos e um de seus executivos foram os únicos empresários brasileiros a participar da cerimônia de assinatura de acordos bilaterais finalizados para serem anunciados durante a passagem de Lula pelo país.

A dupla roubou a cena. E não para aí. O protagonismo dos Batista também tem relação direta com o que deve acontecer de mais importante na segunda etapa da viagem de Lula à Ásia — o encontro do presidente com Donald Trump em Kuala Lumpur, na Malásia, previsto para este domingo, 26.

Como mostrou a repórter Mariana Sanches, do UOL, os gestos de simpatia de Trump na direção de Lula coincidem com um intenso trabalho de bastidores feito por um relevante personagem que é bastante próximo dos irmãos Batista, o embaixador Richard Grenell, expoente do movimento Maga (Great America Great Again) e conselheiro do presidente americano.

Foi Grenell quem articulou uma visita feita por Joesley ao republicano na Casa Branca na qual o dono da JBS argumentou que o tarifaço imposto ao Brasil estava custando caro para brasileiros e americanos.

Com as credenciais de quem deu dinheiro para a festa de posse de Donald Trump (US$ 5 milhões, doados por uma subsidiária do grupo), Joesley pediu que as medidas fossem revistas. Trump, na avaliação de autoridades brasileiras, se sensibilizou. Na sequência, se intensificaram os gestos do presidente americano na direção de Lula.

Nesta quinta, 23, indagado pelo PlatôBR sobre seu papel na aproximação, primeiro Joesley tirou por menos. “Quem sou eu?”, brincou. Depois, ele admitiu que tem ajudado na costura, por meio de contatos que tem em Washington. “Temos bons amigos, e tem muita gente que gosta do Brasil, apesar de outros não gostarem”, disse.

Fonte: PlatôBR