
Instrumento que virou um dos principais alvos de Medida Provisória discutida no Congresso puxou a alta do patrimônio de fundos na primeira metade do ano
A caminho de possivelmente deixarem de ser isentas de Imposto de Renda, as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs) continuam em expansão e se consolidaram como destaque nas carteiras de gestores de patrimônio em 2025. Segundo dados divulgados pela Anbima na segunda-feira (29), o volume aplicado em LCAs cresceu 19,7% no primeiro semestre, alcançando R$ 13,7 bilhões, e em LCIs foi ainda maior, de 43,1%, chegando a R$ 17,3 bilhões.
Demais ativos isentos também se destacaram, com as debêntures incentivadas subiram 6,5%, para R$ 15,7 bilhões. Os CRIs registraram alta de 9,6%, somando R$ 10,1 bilhões, e os CRAs recuaram 4%, para R$ 6,1 bilhões. No agregado, os títulos incentivados cresceram 15,6%, atingindo R$ 67,3 bilhões.
No total, os gestores de patrimônio administravam R$ 540,3 bilhões no fim do semestre, alta de 7,1% em relação a 2024.
De acordo com Tatiana Itikawa, superintendente de Representação da Anbima, a diversificação foi o fator-chave para o desempenho positivo:
“Os gestores se apoiaram em uma estratégia de diversificação para contornar os desafios das conjunturas econômicas doméstica e internacional, com avanços importantes tanto na renda fixa quanto na renda variável”, disse.
Renda fixa puxa crescimento
O conjunto da renda fixa cresceu 9,4%, acumulando R$ 245,5 bilhões sob gestão e representando 45,4% das carteiras, praticamente estável em relação a 2024. Entre os destaques, além dos incentivados, estiveram os FIDCs, que saltaram 31,9% para R$ 36,6 bilhões, e os títulos públicos, com alta de 10,7%, totalizando R$ 42,9 bilhões.
Na contramão, os fundos de renda fixa recuaram 1%, somando R$ 58,9 bilhões, e os CDBs caíram 3,5%, para R$ 11,5 bilhões. As debêntures tradicionais também encolheram, com queda de 11,4%, para R$ 10,6 bilhões.
Corrida por isentos e impacto nos spreads
O crescimento da fatia de LCIs e LCAs detida por fundos vem na esteira de forte busca e valorização desses papeis, diante das discussões no Congresso sobre a MP 1.303/25, que prevê mudanças na tributação de investimentos. Embora o parecer do relator tenha mantido a isenção para debêntures incentivadas, CRIs e CRAs, outras classes como LCIs, LCAs e LIGs podem passar a ser tributadas em 7,5% a partir de 2026.
Na última semana, o spread de títulos incentivados recuou em 12 pontos-base, e a carteira desses ativos avançou avançou +0,45%, segundo o índice IDA – IPCA Incentivados.
Segundo analistas do Bradesco BBI, a incerteza regulatória provocou uma corrida de investidores para garantir a isenção ainda em 2025, especialmente nos fundos de infraestrutura que compram debêntures incentivadas. Esse movimento reduziu os spreads dos papéis, já que a demanda cresceu de forma acelerada no mercado primário e secundário.
Fonte: InfoMoney