
Metal precioso atingiu recorde acima de US$ 3.800, em meio a incertezas sobre o ritmo de afrouxamento monetário nos EUA
O ouro subiu para um recorde acima de US$ 3.800 a onça nesta segunda-feira (29), acompanhando a forte alta dos metais preciosos, impulsionada pela queda do dólar e pela preocupação com uma possível paralisação do governo dos Estados Unidos.
O metal avançou até 1,6%, para a máxima histórica de US$ 3.819,81 a onça — superando o pico registrado na última terça-feira — após seis semanas consecutivas de ganhos. A prata chegou a subir 2,4%, enquanto platina e paládio também registraram forte valorização, apoiadas pela escassez persistente no mercado e pela entrada de recursos em fundos negociados em bolsa (ETFs) lastreados nos metais.
O dólar recuou enquanto investidores aguardavam o encontro entre líderes do Congresso e o presidente Donald Trump nesta segunda-feira, véspera do vencimento do prazo de financiamento federal. Sem acordo sobre um projeto de gastos de curto prazo, o governo será paralisado, o que atrasaria a divulgação de dados-chave como o relatório de emprego de sexta-feira, esperado para mostrar crescimento moderado em setembro. Um dólar mais fraco torna os metais preciosos mais baratos para a maioria dos compradores.
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Dados de emprego mais fracos reforçariam o argumento por cortes de juros na próxima decisão do Federal Reserve, em outubro, tornando os metais sem rendimento mais atrativos. Ainda assim, há elevada incerteza sobre o ritmo de afrouxamento monetário, com dirigentes do Fed expressando visões divergentes e alguns indicadores vindo acima do esperado.
Investidores também avaliam as ameaças à independência do banco central, após advogados da diretora Lisa Cook pedirem à Suprema Corte, na quinta-feira, que ela permaneça no cargo enquanto contesta a tentativa de Trump de demiti-la.
O ouro não parece caro em relação ao dólar e aos Treasuries, que “deveriam conter um prêmio associado ao risco do Fed perder independência”, afirmaram estrategistas do Barclays, entre eles Themistoklis Fiotakis e Lefteris Farmakis, em relatório no domingo. “Isso o torna um hedge surpreendentemente atraente.”
O ouro acumula alta de 45% em 2025, renovando sucessivos recordes apoiado pela demanda de bancos centrais e pela retomada dos cortes de juros do Fed. Os preços caminham para encerrar o terceiro trimestre seguido de valorização, com posições em ETFs de ouro no maior nível desde 2022. Bancos como Goldman Sachs e Deutsche Bank projetam continuidade do rali.
Entre os pares do ouro, a escassez sem precedentes neste ano intensificou as preocupações sobre a redução dos estoques disponíveis em Londres, após anos de déficits de oferta. As taxas de arrendamento — custo de empréstimo de metal por curto prazo — de prata, platina e paládio dispararam muito acima da média histórica próxima de zero.
Segundo analistas do Citigroup liderados por Max Layton, novas preocupações de que os metais do grupo da platina sejam incluídos na investigação da Seção 232, conduzida por Trump sobre minerais críticos, ampliaram a escassez no mercado. O banco vê probabilidade maior de que o paládio seja alvo de tarifas de importação nos EUA, em revisão prevista para outubro.
Às 6h56, o ouro à vista subia 1,3%, para US$ 3.807,62 a onça. O Bloomberg Dollar Spot Index caía 0,2%.
A prata atingiu nesta segunda-feira o nível mais alto desde 2011, após superar US$ 45 a onça na semana passada pela primeira vez em 14 anos, e operava em alta de 1,8%, a US$ 46,90. A platina avançava 1,9%, acima de US$ 1.600 a onça pela primeira vez desde 2013, enquanto o paládio subia até 2,9%, no maior nível desde julho.
Fonte: InfoMoney