
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, anunciou nesta segunda-feira (8) nove medidas para “deter o genocídio em Gaza”, entre elas um embargo de armas a Israel, a proibição de que navios e aeronaves carregando armamentos com destino ao país utilizem portos e espaço aéreo espanhóis e o bloqueio à entrada de pessoas envolvidas diretamente no que classificou como genocídio.
Madri também informou que ampliará a ajuda à Autoridade Palestina e à Agência da ONU para os Refugiados da Palestina (UNRWA), além de proibir a importação de produtos fabricados em assentamentos israelenses nos territórios palestinos ocupados.
“Esperamos que essas medidas sirvam para acrescentar pressão sobre o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e seu governo, a fim de aliviar parte do sofrimento da população palestina”, disse Sánchez em pronunciamento transmitido pela TV local.
A decisão ampliou as tensões diplomáticas com Israel. O ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, acusou o governo espanhol de “campanha contínua anti-Israel e antissemita” e afirmou que Sánchez busca desviar a atenção de escândalos de corrupção domésticos.
Como retaliação, Saar anunciou que Israel proibirá a entrada da vice-primeira-ministra, Yolanda Díaz, e da ministra da Juventude e Infância, Sira Rego, de origem palestina.
O Ministério das Relações Exteriores da Espanha respondeu em nota, rejeitando “categoricamente as falsas e caluniosas acusações de antissemitismo” e assegurando que o país “não se deixará intimidar em sua defesa da paz, do direito internacional e dos direitos humanos”.
Os atritos aumentaram justamente no dia em que Israel foi vítima de um atentado a tiros em Jerusalém, no qual ao menos seis pessoas morreram. Os agressores ainda não foram identificados. Os grupos terroristas Hamas e Jihad Islâmico comemoraram o ataque, mas não o reivindicaram.
As trocas de acusações ocorrem em um momento em que a França e outros países se preparam para reconhecer o Estado da Palestina na Assembleia da ONU, no próximo dia 22 de setembro. A Espanha já havia reconhecido a Palestina em maio de 2024, decisão que levou Israel a retirar sua embaixadora em Madri.
Saar ainda declarou que Israel “não arriscaria” sua segurança com “fronteiras indefensáveis” ao lado de uma “organização terrorista”. “Não repetiremos os erros do passado.”
Fonte: FolhaPress