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Terça-feira, 8 de julho de 2025

JBS “sem brilho”? Primeiro resultado como empresa listada em NY não deve animar

Analistas reduziram suas projeções para os números do frigorífico

Após uma sequência de resultados sólidos, os analistas do Goldman Sachs acreditam que a JBS (BDR: JBSS32) pode decepcionar as expectativas do mercado ao divulgar os números do 2º trimestre de 2025, primeiro trimestre do frigorífico como listado na bolsa de Nova York (NYSE).

A projeção de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para o trimestre foi reduzida em 8%, para R$ 8,2 bilhões, o que representa uma estimativa 11% abaixo do consenso da Bloomberg. “O ajuste reflete um período fraco para o segmento de carne bovina nos EUA e custos mais altos no segmento de carne suína no país”, explica Goldman Sachs.

Segundo o banco americano, o desempenho fraco da divisão de bovinos nos EUA também deve pressionar, de forma temporária, a dinâmica de capital de giro e o fluxo de caixa livre, que deve ficar próximo do zero no trimestre.

O Goldman Sachs avalia que as ações da JBS seguem negociadas com um desconto de 21% em relação à Tyson Foods, considerando o múltiplo Valor da Firma (EV)/Ebitda GAAP dos EUA a 12 meses. Para os analistas do banco, não há razão estrutural que justifique esse desconto em relação aos pares internacionais.

O Goldman manteve a recomendação de compra para os papéis da companhia, embora destaque a possibilidade de volatilidade no curto prazo, à medida que o mercado ajusta suas projeções diante da expectativa de um trimestre mais fraco. O preço-alvo para US$ 19,20 para as ações Classe A (queda de 2% em relação aos US$ 19,50 anteriores) e para R$ 105,00 nos BDRs (recuo de 6% ante os R$ 111,40 anteriores).

Já a XP Investimentos divulgou sua prévia de resultados para a JBS no segundo trimestre de 2025, atualizando projeções e estabelecendo um preço-alvo de R$ 112,20 por BDR JBSS32 para o fim de 2026, com base em uma média ponderada. A corretora mantém recomendação de compra, ressaltando o potencial de re-rating das ações, embora avalie que esse processo deve ocorrer de maneira lenta e gradual, dado que não há gatilhos evidentes para revisões de lucro no curto prazo. A expectativa é de um yield de fluxo de caixa livre (FCF yield) elevado — na casa de um dígito alto — nos próximos anos.

Para o 2T25, a XP estima um Ebitda ajustado de R$ 8,7 bilhões, queda de 12% em relação ao ano anterior e 11% abaixo do consenso da Bloomberg.

Os destaques positivos devem vir das operações da Pilgrim’s Pride (PPC) e da Austrália, enquanto o segmento de bovinos nos EUA tende a enfrentar dificuldades com margens pressionadas e a Seara deve refletir os impactos da gripe aviária no Brasil, que resultou na suspensão de exportações e queda nos preços domésticos.

O Itaú BBA, por sua vez, projeta um trimestre misto para a JBS no segundo trimestre de 2025, com Ebitda consolidado de R$ 8,9 bilhões, cerca de 6% abaixo do consenso da Bloomberg.

Segundo o BBA, o segmento de bovinos nos EUA deve ser o principal ponto fraco do período — alinhado com os comunicados anteriores da empresa sobre um ambiente desafiador para margens — seguido pelo desempenho do setor de suínos nos EUA. Por outro lado, a expectativa é que a dinâmica ainda sólida do mercado de frango compense parcialmente esses efeitos negativos.

Segundo os analistas, a contração anual do Ebitda consolidado tem sido uma preocupação recorrente nas conversas com investidores. “Avaliar o desempenho das margens da JBS em suas principais unidades de negócio é essencial para entender se o mercado está em processo de revisar as estimativas de curto prazo para baixo — o que, no entanto, não altera a perspectiva positiva de valorização no médio prazo, sustentada principalmente por um possível re-rating de múltiplos”, comenta BBA.

O Itaú BBA manteve recomendação de compra e preço-alvo de US$ 18.

Fonte: InfoMoney