
Analistas reduziram suas projeções para os números do frigorífico
Após uma sequência de resultados sólidos, os analistas do Goldman Sachs acreditam que a JBS (BDR: JBSS32) pode decepcionar as expectativas do mercado ao divulgar os números do 2º trimestre de 2025, primeiro trimestre do frigorífico como listado na bolsa de Nova York (NYSE).
A projeção de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para o trimestre foi reduzida em 8%, para R$ 8,2 bilhões, o que representa uma estimativa 11% abaixo do consenso da Bloomberg. “O ajuste reflete um período fraco para o segmento de carne bovina nos EUA e custos mais altos no segmento de carne suína no país”, explica Goldman Sachs.
Segundo o banco americano, o desempenho fraco da divisão de bovinos nos EUA também deve pressionar, de forma temporária, a dinâmica de capital de giro e o fluxo de caixa livre, que deve ficar próximo do zero no trimestre.
O Goldman Sachs avalia que as ações da JBS seguem negociadas com um desconto de 21% em relação à Tyson Foods, considerando o múltiplo Valor da Firma (EV)/Ebitda GAAP dos EUA a 12 meses. Para os analistas do banco, não há razão estrutural que justifique esse desconto em relação aos pares internacionais.
O Goldman manteve a recomendação de compra para os papéis da companhia, embora destaque a possibilidade de volatilidade no curto prazo, à medida que o mercado ajusta suas projeções diante da expectativa de um trimestre mais fraco. O preço-alvo para US$ 19,20 para as ações Classe A (queda de 2% em relação aos US$ 19,50 anteriores) e para R$ 105,00 nos BDRs (recuo de 6% ante os R$ 111,40 anteriores).
Já a XP Investimentos divulgou sua prévia de resultados para a JBS no segundo trimestre de 2025, atualizando projeções e estabelecendo um preço-alvo de R$ 112,20 por BDR JBSS32 para o fim de 2026, com base em uma média ponderada. A corretora mantém recomendação de compra, ressaltando o potencial de re-rating das ações, embora avalie que esse processo deve ocorrer de maneira lenta e gradual, dado que não há gatilhos evidentes para revisões de lucro no curto prazo. A expectativa é de um yield de fluxo de caixa livre (FCF yield) elevado — na casa de um dígito alto — nos próximos anos.
Para o 2T25, a XP estima um Ebitda ajustado de R$ 8,7 bilhões, queda de 12% em relação ao ano anterior e 11% abaixo do consenso da Bloomberg.
Os destaques positivos devem vir das operações da Pilgrim’s Pride (PPC) e da Austrália, enquanto o segmento de bovinos nos EUA tende a enfrentar dificuldades com margens pressionadas e a Seara deve refletir os impactos da gripe aviária no Brasil, que resultou na suspensão de exportações e queda nos preços domésticos.
O Itaú BBA, por sua vez, projeta um trimestre misto para a JBS no segundo trimestre de 2025, com Ebitda consolidado de R$ 8,9 bilhões, cerca de 6% abaixo do consenso da Bloomberg.
Segundo o BBA, o segmento de bovinos nos EUA deve ser o principal ponto fraco do período — alinhado com os comunicados anteriores da empresa sobre um ambiente desafiador para margens — seguido pelo desempenho do setor de suínos nos EUA. Por outro lado, a expectativa é que a dinâmica ainda sólida do mercado de frango compense parcialmente esses efeitos negativos.
Segundo os analistas, a contração anual do Ebitda consolidado tem sido uma preocupação recorrente nas conversas com investidores. “Avaliar o desempenho das margens da JBS em suas principais unidades de negócio é essencial para entender se o mercado está em processo de revisar as estimativas de curto prazo para baixo — o que, no entanto, não altera a perspectiva positiva de valorização no médio prazo, sustentada principalmente por um possível re-rating de múltiplos”, comenta BBA.
O Itaú BBA manteve recomendação de compra e preço-alvo de US$ 18.
Fonte: InfoMoney