Economia
Domingo, 30 de março de 2025

BC reduz para 1,9% projeção de crescimento do PIB em 2025

O Banco Central reduziu para 1,9% a sua projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil para este ano. Em dezembro, a estimativa da autoridade monetária para a economia brasileira era de avanço de 2,1%.
O dado consta no relatório de política monetária, que substituiu o antigo relatório trimestral de inflação, divulgado pelo BC nesta quinta-feira (27). O documento continua sendo publicado trimestralmente.
“A mudança refletiu recuos nas previsões para indústria e serviços, relacionados com surpresas negativas no quarto trimestre e com uma expectativa de desaceleração mais pronunciada ao longo do ano, parcialmente compensados por alta na projeção para a agropecuária”, disse o BC no documento.
Segundo a instituição, o PIB deve apresentar um crescimento mais expressivo no primeiro trimestre, após a alta modesta no quarto trimestre de 2024, e certa estabilidade nos trimestres seguintes.
“A previsão de forte alta na agropecuária, juntamente com o aumento no valor do salário-mínimo e a liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), deve contribuir para a aceleração da atividade no primeiro trimestre”, afirmou.
Mas a autoridade monetária ponderou que interpretações sobre o grau de aquecimento da atividade econômica no início de 2025 devem ser feitas com cautela.
De acordo com o BC, a desaceleração da atividade está associada ao ciclo de alta de juros, ao menor impulso fiscal, ao reduzido grau de ociosidade dos fatores de produção e à moderação do crescimento global. “Todavia, a incerteza em torno do cenário central aumentou, considerando fatores externos e domésticos”, acrescentou.
A projeção do BC sobre a expansão da economia é mais pessimista do que o último dado divulgado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A SPE (Secretaria de Política Econômica) do Ministério da Fazenda prevê um crescimento do PIB de 2,3% neste ano. A estimativa também é menor do que a do mercado financeiro, que projeta um avanço de 1,98% em 2025, conforme o último boletim Focus.
Segundo o BC, permanece a perspectiva de desaceleração da atividade em meio ao cenário de alta de juros. Na semana passada, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual, a 14,25% ao ano. O colegiado do BC também antecipou que, em maio, a escalada de juros deve continuar, mas com um movimento de menor intensidade.
No relatório, o BC alertou que a inflação seguirá acima do limite superior da meta ao longo de 2025, começando a cair a partir do quarto trimestre -ainda acima do alvo central.
“Nesse cenário, a inflação acumulada em quatro trimestres fica na faixa de 5,5%-5,6% nos três primeiros trimestres de 2025, cai para 5,1% no final do ano, 3,7% em 2026 e 3,1% no último período considerado, referente ao terceiro trimestre de 2027”, disse o BC o relatório.
No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para o terceiro trimestre de 2026 -período hoje na mira do BC-, é de 3,9%.
A autoridade monetária aponta 70% de probabilidade de o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ultrapassar o limite superior da margem de tolerância neste ano. No relatório anterior, a chance era de 50%. Para 2026, o aumento foi marginal, de 26% para 28%.
Isso, contudo, não reflete mais a probabilidade de descumprimento da meta de inflação. No modelo de avaliação contínua, o BC descumprirá o objetivo caso o IPCA se situe fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos (em qualquer mês do ano).
O alvo central do BC é 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que a meta é considerada cumprida se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
O BC também revisou para baixo a estimativa de crescimento do crédito no país neste ano para 7,7%, ante estimativa anterior de 9,6%. Agora, a expectativa é que o crédito às famílias seja de 8,5% em 2025, contra projeção anterior de 10%. Para as empresas, a estimativa é de 7%, ante 9% no último relatório.
“As revisões refletiram perspectiva de cenário de taxas de juros mais altas, menor crescimento da atividade econômica e arrefecimento do mercado de trabalho, em contexto de endividamento e comprometimento de renda elevados, além de condições mais restritivas de oferta crédito”, disse.

Fonte: FolhaPress