
O grupo fechou oito lojas e reduziu quase 60 posições no quarto trimestre
A Casas Bahia teve prejuízo de R$ 452 milhões no quarto trimestre, abaixo da perda de R$ 1 bilhão apurada um ano antes, com aumentos na receita líquida e no desempenho operacional, segundo balanço divulgado na noite de quarta-feira, 12.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da varejista somou R$ 640 milhões, quatro vezes o montante apurado um ano antes, com a margem Ebitda ajustada passando de 2,2% para 8% na mesma comparação, informou a companhia em relatório de resultados.
A Casas Bahia atribuiu o desempenho à “contínua otimização das despesas”, com redução anual de R$ 384 milhões em gastos com vendas, gerais e administrativas (SG&A). No quarto trimestre, essas despesas recuaram 2,5% ano a ano, para R$ 1,6 bilhão.
“(O resultado) tem uma tendência de ir melhorando à medida que a gente melhora sequencialmente os resultados operacionais”, afirmou o diretor financeiro do grupo, Elcio Ito, à Reuters.
“E a gente precisa avançar ainda mais forte no operacional porque as despesas financeiras podem e devem aumentar pelo aumento das taxas de juros… Então esse é o nosso foco.”
O executivo relembrou, no entanto, que as dívidas da companhia foram reperfiladas no ano passado, notando que o primeiro pagamento está marcado para novembro de 2026.
“É um tema para o final do ano que vem em termos de caixa, mas para resultado, vai sendo contabilizada aqui a despesa de juros, colocando um desafio adicional para a gente voltar a gerar lucro, que é o nosso objetivo de fato”, afirmou.
O grupo, que também detém a marca Ponto, teve receita líquida de quase R$ 8 bilhões entre outubro e dezembro, avanço de 7,6% frente ao mesmo período de 2023. As vendas medidas pelo indicador GMV subiram 9,9% no total, com crescimento de 16,1% nas lojas físicas e 17,1% nas vendas mesmas lojas.
As demandas judiciais trabalhistas envolvendo a Casas Bahia somaram R$ 196 milhões no quarto trimestre, informou a empresa, volume 14% menor do que o observado no mesmo período de 2023.
O fluxo de caixa livre da companhia somou R $1,2 bilhão no trimestre encerrado em dezembro, o maior dos últimos cinco anos da companhia, contra R$ 721 milhões um ano antes. No acumulado de 2024, essa linha somou R$ 976 milhões, 50% acima de 2023.
O grupo fechou oito lojas e reduziu quase 60 posições no quarto trimestre, o que será “um pouco do tom” ao longo de 2025, disse o diretor financeiro.
Ito também chamou atenção para a conversão de lojas em megalojas, modelo que traz um “diferencial muito relevante” em termos de aumentos de vendas e percepção do cliente, segundo o executivo.
“Tem algumas quatro, cinco (unidades) que estão aqui na esteira, podem ser mais, isso a gente vai avaliando ao longo do ano”, afirmou, ressaltando que a perspectiva é avaliada mês a mês dado o cenário macroeconômico mais incerto.
A empresa informou no comunicado à imprensa que suas prioridades para 2025 incluem a expansão do crediário, o aumento da rentabilidade no comércio eletrônico e o fortalecimento da experiência omnicanal, consolidando as lojas físicas como hubs logísticos e aprimorando a jornada do cliente.
No mês passado, a companhia anunciou o início operacional de seu fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), com um capital inicial de R$ 300 milhões, buscando otimizar a operação de crediário da companhia.
No quarto trimestre, a carteira ativa de crediário da Casas Bahia atingiu o recorde de R$ 6,2 bilhões, crescimento de 15% ano a ano, com a inadimplência acima de 90 dias em 8%, uma melhora de 1,4 ponto percentual versus o quarto trimestre de 2023.
“Queremos crescer no crediário com muita atenção nos indicadores de inadimplência, dado um cenário mais desafiador que a gente pode se deparar no ano de 2025”, afirmou Ito, notando que tem percebido uma pequena desaceleração no consumo entre o quarto trimestre do ano passado e o início deste ano.
“Diante desta incerteza, que é uma incerteza que a gente vê para o ano, a gente quer estar muito disciplinado nessa execução do plano de transformação… Então a gente vai caminhando com cautela. Acho que mês a mês, janeiro e fevereiro, a gente continuou performando relativamente bem aqui.
Fonte: Reuters