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Quarta-feira, 25 de junho de 2025

Enaltecida pela direita, a cerveja Modelo está ameaçada… pela direita

Trump quer taxar em 25% importações do México e cervejaria tem restrição para produção nos EUA

No topo de vendas no mercado americano desde o ano passado, a marca de cerveja Modelo pode perder espaço no governo de Donald Trump – ou ao menos ficará mais cara. O presidente eleito nos Estados Unidos pretende implementar uma tarifação de importados de diferentes origens – inclusive mexicana, que deve ser taxada em 25%.

A Modelo caiu no gosto dos americanos quando a antiga líder, a Bud Light, da Ab-Inbev, passou por um boicote promovido por grupos de direita após uma campanha publicitária realizada em parceria com a influencer trans Dylan Mulvaney. Mas agora a promessa de Trump pode elevar o preço dos itens vendidos pela Constellation Brands (que, além da Modelo, é dona da Corona nos EUA) em cerca de 16%, segundo estimativas dos analistas do Wells Fargo.

Cervejas representaram 86% das vendas da Constellation na primeira metade do ano fiscal. Para analistas, a movimentação do futuro presidente pode voltar a valorizar as produções locais – quem sabe até com a redenção da Bud Light – deixando as estrangeiras de escanteio.

As ações da Constellation chegaram a cair mais de 4% e fecharam com queda de 3,3% em Nova York nesta terça-feira, após declaração de Trump na véspera sobre a potencial alíquota para o país vizinho. Simplesmente mudar a produção para os EUA é praticamente carta fora do baralho.

A companhia investiu bilhões recentemente para expandir sua produção de Modelo e Corona no México. Mas não é só isso. A Constellation só é dona das marcas no mercado americano – em todos os demais países, inclusive o próprio México e o Brasil, elas pertencem à Ab-Inbev. O desenho é fruto de sanções regulatórias impostas no mercado americano quando quando a Ab-Inbev adquirir o Grupo Modelo em 2013.

Por isso, a Constellation não teria para onde escoar a produção no México se abrisse fábrica nos EUA. Segundo a CNBC, algumas casas de análise, como Roth MKM, entendem ainda que o próprio acordo regulatório já impõe restrição sobre a origem de fabricação.

Apesar da ansiedade causada nos investidores e nos consumidores, analistas lembram que, em seu mandato anterior, Trump propôs tarifa de 5% para importações mexicanas com planos de elevá-la a 25%, mas as taxas nunca foram implementadas.

Fonte: Valor Pipeline