Negócios
Segunda-feira, 23 de junho de 2025

Shoulder compra a butique carioca Haight

Primeira fase é de 40% do capital e incorporação total acontece em até 18 meses

Depois de incorporar a marca masculina Oriba, a Shoulder acaba de fechar sua segunda aquisição. Terá 40% da butique carioca Haight, por meio de um aporte em caixa, chegando à incorporação integral em até 18 meses, com troca de ações. O valor do negócio não foi revelado.

A Haight posiciona o grupo Shoulder num perfil, em média, mais jovem e de alta renda. A marca, cujo nome faz referência ao endereço descolado em São Francisco, também coloca o grupo na cena internacional. Criada há 10 anos com moda praia, a Haight logo começou a exportar e entrou em redes como a Matches, em Londres, e a Bergdorf Goodman, nos Estados Unidos Hoje a exportação responde por 20% do negócio e a marca tem sete lojas físicas no país.

“Nossa tese de consolidação começou em 2021, quando decidimos usar nossas capacidades de gestão e operação para diversificar o portfólio por meio de um caminho associativo. O portfólio precisa ter marcas, de quem a gente considera talentoso, com admiração do ponto de vista criativo”, diz Beny Majtlis, CEO da Shoulder. “Nesse contexto, a gente vem priorizando conversas com companhias menores, que trazem um frescor na estratégia e onde a assimetria de risco e retorno é favorável.”

A mente criativa por trás da Haight é Marcella Franklin, que já trabalhava com moda quando decidiu empreender – o amigo Philippe Perdigão apostou na ideia, virou sócio e assumiu a parte administrativa. A marca avançou para o vestuário e vê outras verticais possíveis na sociedade com a Shoulder.

“A marca começou como um projeto experimental, quando eu resolvi produzir aquilo que queria usar e não encontrava. Hoje, a gente vê o desejo da cliente de vestir Haight dos pés à cabeça, então entrar em acessórios, fazer colaborações em calçados, são alguns dos caminhos”, diz Marcella, diretora de estilo da marca.

Mas a diversificação vem também na distribuição. “Hoje só estamos em multimarcas no exterior, mas há espaço para explorarmos no mercado brasileiro, o que a Shoulder já faz bem. Também vemos espaço para aumentar o número de lojas em São Paulo e entrar em novas cidades, como Belo Horizonte e Brasília”, diz Perdigão, CEO da Haight.

Enquanto o biquíni brasileiro que chegava ao exterior era colorido e rebuscado, Marcella apostou em modelagens e cortes, em tons mais sóbrios e com matéria-prima de qualidade. Foi o que levou também seus biquínis e maiôs para a noite carioca – o top e o body que se transformaram em peça do guarda-roupa fora da areia. O tíquete médio na loja é de R$ 850 e cada loja é assinada por uma arquiteta, numa das escolhas de Marcella para dar espaço a mulheres criativas.

“Não era nossa ideia fazer uma associação ou venda, mas a abordagem do Beny, diferente de outras que tivemos, era justamente potencializar o que a gente já faz”, conta Perdigão. A Haight vai fechar o ano com faturamento de R$ 30 milhões, um salto de sete vezes desde 2018, quando o negócio pegou tração. O grupo Shoulder já está perto dos R$ 900 milhões em receita.

Marcella segue à frente da marca e Perdigão vai para o conselho do grupo Shoulder. Em seu site, a Haight se define como minimalista – uma caraterística também da Oriba, comprada pela Shoulder na integralidade este ano. “O filtro não é minimalismo, mas design como alavanca de diferenciação. E, apesar de sinergia não ser o que motiva essas transações há uma pancada de coisas que a gente pode gerar valor juntos, como esse acesso ao atacado e supply chain”, diz o CEO da Shoulder.

Na negociação com a Haight, a Shoulder teve assessoria financeira da Seneca Evercore e a assessoria legal do escritório Trindade Advogados. Marcella e Perdigão, ao fim da transação, serão minoritários da Shoulder, assim como acontece com Paulinho Moreira e Rodrigo Ootani, fundadores da Oriba.

Fonte: Valor Pipeline