Economia
Quarta-feira, 26 de junho de 2024

Bolsa no azul em 2024, mesmo com juro alto? Para gestoras, sim. Veja ações favoritas

Para Mantaro e Trígono, Ibovespa pode fechar 2024 no azul; gestoras listam ações promissoras

manutenção da Selic em 10,50% ao ano não foi surpresa para o mercado financeiro. Os agentes, porém, ficaram animados com a unanimidade da votação do Conselho de Política Monetária do Banco Central (Copom) e o Ibovespa abriu a sessão desta quinta-feira (20) em alta, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para a virada da Bolsa em 2024.

InfoMoney ouviu a opinião de duas gestoras de fundos de investimentos sobre o momento do mercado. Há otimismo entre os especialistas e um setor que se destaca nas recomendações de investimento. 

    O Ibovespa pode reverter a queda de 10% no ano?

    A Bolsa brasileira tem queda acentuada em 2024, fruto da desconfiança dos investidores com a política fiscal do governo e expectativas crescentes de inflação que levaram o mercado a revisar para cima as projeções para a Selic neste e nos próximos anos. Soma-se ao cenário local a incerteza sobre os juros americanos. 

    A Mantaro Capital olha para o cenário atual e avalia que o pior já passou. “Estamos animados, com alocação maior em bolsa nos fundos que têm ações”, diz Paulo Abreu, gestor e sócio da casa. Para ele, “estamos no pior cenário na conjugação de prêmio de risco no Brasil e tudo colaborou para uma Bolsa barata”. 

    Abreu projeta que, a partir de agora, “o governo deve ir para o lado de um discurso mais consciente fiscalmente”, o que vai ajudar as ações a ganharem tração nos próximos meses. Por isso, acha que a Bolsa deve devolver a queda no ano e terminar 2024 no azul. 

    Na Trígono, há otimismo com o desempenho das empresas, mesmo em meio ao cenário macroeconômico turbulento. “As empresas em que investimos vão muito bem, especialmente as que têm receita em dólar, não temos empresas endividadas e preferimos uma exposição baixa a companhias sensíveis a juros”, diz Werner Roger, CIO da Trígono. 

    Para provar que a Selic, mesmo alta, não deve ter tanto impacto nos investimentos em Bolsa, Roger diz que os quatro setores que dominam o Ibovespa – serviços financeiros, mineração e metalurgia, óleo e gás e energia elétrica –, concentrando 69,5% do índice, têm baixa correlação com os juros básicos e conseguem navegar bem o cenário de Selic acima de 10%. 

    Por isso, quando (e se) as incertezas fiscais diminuírem, há espaço para a Bolsa decolar. “O mercado precifica incertezas políticas e econômicas, mas as empresas seguem a vida”, defende Roger. 

    Onde investir? 

    Para aproveitar o que os especialistas veem como oportunidade, os investidores podem ir na segurança do setor financeiro. “Grandes bancos estão baratos”, segundo Paulo Abreu. Das empresas do setor listadas no Brasil, o gestor gosta de Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), BTG Pactual (BPAC11) e B3 (B3SA3). Werner Roger destaca as ações do Banco da Amazônia (BAZA3) e Banco do Brasil (BBAS3), “que, para nós, é o mais descontado dos grandes bancos, distribui bons dividendos e vem ganhando eficiência”. 

    O CIO da Trígono diz que empresas que pagam dividendos são boas para atravessar o cenário atual: “se a Bolsa subir, tenho valorização da carteira e renda, se cair, sigo com a renda, com yield (retorno apenas com dividendos) de cerca de 9%”. O retorno que o especialista cita é a média do IDIV, índice de ações pagadoras de dividendos da B3. 

    Já as construtoras são um ponto de divergência entre os especialistas. Enquanto Abreu gosta do setor, especialmente de Cyrela (CYRE3) e Lavvi (LAVV3), Roger prefere não se expor a setores sensíveis às mudanças nos juros básicos. Para o gestor da Mantaro, “as construtoras estão descontadas, principalmente as de média e alta renda”.

    Outro setor sensível aos juros destacado por Abreu é o de locação. Localiza (RENT3) e Mills (MILS3), de locação de equipamentos, estão entre as preferências do especialista no segmento. 

    A Trígono ainda aposta no agronegócio na retomada da Bolsa em 2024. A gestora tem ações da São Martinho (SMTO3), produtora de açúcar e etanol, e da Kepler Weber (KEPL3), de armazenagem agrícola: “exportamos milho meses após a colheita, onde isto fica guardado? Nos silos da empresa”, justifica Roger.

    Fonte: InfoMoney