Agronegócio
Segunda-feira, 6 de maio de 2024

Produtores buscam alternativas para garantir rentabilidade na safra 2023/24

Barter e seguro agrícola são ferramentas para driblar a volatilidade entre custo de produção e preço da saca de soja

Apesar dos preços mais baixos na saca de soja em todas as regiões do Brasil, a queda no custo de produção ainda permite rentabilidade positiva para a safra 2023/24. Quem faz a avaliação é Adriano Lo Turco, analista sênior de mercado da Agroconsult. Com base nos preços de Mato Grosso, ele aponta que a rentabilidade média por hectare em 2021/22 foi de R$ 4 mil, enquanto na atual safra a estimativa é de R$ 1,5 mil.

O cenário “deixa um gosto amargo na boca do produtor rural brasileiro”, segundo Lo Turco, por isso o momento é de evitar margens ainda menores. No campo, isso se traduz em produtores buscando alternativas para manter a lavoura rentável.

Em Pedras Altas, no Rio Grande do Sul, Luciane Braga trabalha com soja e pecuária, e sente no dia a dia a volatilidade do preço dos grãos, seja pela comercialização da commodity, seja no custo para a ração animal. Para se prevenir dos altos e baixos da atividade, neste ano ela decidiu utilizar o barter pela primeira vez.

“O que me motivou a procurar a ferramenta foi a garantia de saber o preço da saca de soja no momento da colheita, fixando o custo de produção”, ela diz. Para a safra 23/24, ela conta ter contratado o barter com a Lavoro, assim a varejista de insumos define o valor dos produtos em sacas de soja.

Comercialização atrasada

Marina Menin, diretora comercial de soja da Bayer, também trabalha na região gaúcha e relata que a comercialização dos grãos ainda se refere às safras anteriores. A venda está atrasada, pois o produtor “está esperando para ver o que vai acontecer”, ou seja, há esperança de os preços pagos na saca melhorarem.

“A visão que temos do campo é que o agricultor está esperando para entender o que vai acontecer, antes de efetivamente já fechar e travar o preço dos grãos. Só que, nesse momento, é superimportante que ele se resguarde, porque é uma atividade que está exposta à volatilidade”, afirma a diretora.

Para ela, por meio de ferramentas de proteção financeira, é possível chegar na safra seguinte com parte da produção e da lavoura protegida. Nesse sentido, ela menciona também o seguro agrícola. No entanto, para o Sul do país, Marina Menin diz que há retração das empresas que ofertam seguros, por causa do alto risco climático.

Fonte: Exame