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Terça-feira, 23 de julho de 2024

Merck entra no mercado de medicamentos para obesidade no Brasil

A meta é alcançar a liderança nesse segmento em três anos

Merck acaba de estrear no bilionário mercado brasileiro de medicamentos para obesidade. Com um tratamento oral de última geração, o Contrave, a multinacional foi surpreendida pela forte aceitação do produto e atingiu mais de 70% da meta para o primeiro mês de comercialização com apenas sete dias de colocação nas farmácias. A ambição é alcançar a liderança nesse segmento em três anos, chegando a mais de 200 mil pacientes.

Segundo o presidente da Merck Brasil, Arnaud Coelho, foram cinco anos de trabalho para viabilizar o lançamento nacional da terapia, a primeira que combina dois princípios ativos – naltrexona e bupropiona -, para frear a fome emocional e a fome fisiológica, com atuação também contra o “craving”, um desejo incontrolável por determinado tipo de alimento.

Entre os tratamentos de última geração contra a obesidade, lançados há dois ou três anos, é o único de apresentação oral. “O Contrave nasce para tratar obesidade ou sobrepeso, em pacientes que apresentem ao menos uma comorbidade, com algumas características especiais”, disse o executivo ao Valor, destacando ainda seu mecanismo de liberação prolongada.

Com preço de até R$ 650 para um mês de tratamento considerando-se a dosagem máxima, o medicamento é produzido no Canadá e foi licenciado para a Merck na América Latina. Nos Estados Unidos, onde foi registrado e é vendido pela Nalpropion Pharmaceuticals, é líder de mercado em vendas e em prescrição na apresentação oral.

Além do foco em cumprir as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a farmacêutica concentrou esforços em trazer o tratamento a um preço mais acessível – essa classe de medicamentos ainda é muito cara no país e foi preciso adaptar seu custo à realidade brasileira para ampliar o acesso. Isso significa, de alguma forma, abrir mão de margem, reconhece o executivo.

Diante do êxito no lançamento nacional, realizado entre abril e maio, a subsidiária brasileira está buscando antecipar lotes do medicamento para evitar riscos de “ruptura” nas farmácias.

No Brasil, estima-se que 57% da população adulta sofre de sobrepeso ou obesidade, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No ano passado, o mercado oficial de medicamentos para tratamento da obesidade movimentou R$ 800 milhões, entre medicamentos orais e injetáveis, com mais de 6 milhões de unidades vendidas, segundo dados da IQVIA, que audita o varejo farmacêutico.

Na prática, contudo, trata-se de um mercado que supera a casa de R$ 1 bilhão quando incluídos produtos e terapias que não são indicados para essa finalidade, mas têm sido cada vez mais usados informalmente.

“Tem saído um pouco do controle da classe médica a prescrição dos produtos contra a obesidade. Tem muita gente recomendando, inclusive nas redes sociais”, alertou o presidente da Merck Brasil. O Contrave só pode ser vendido por prescrição médica e com retenção da receita.

Segundo a farmacêutica, pacientes que completaram 56 semanas de tratamento, associado a mudança intensiva no estilo de vida, em estudo clínico perderam em média 11,5% do peso corporal. “A Merck é líder em vários segmentos no mercado cardiometabólico. Isso e o fato de já estar presente nos médicos que tratam distúrbios de tireoide e diabetes a credenciam para entrar em obesidade, que está na origem de muitos desses problemas”, acrescentou o executivo.

Fonte: Valor Econômico