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Quarta-feira, 3 de julho de 2024

Shopee, Shein e AliExpress estão entre os 10 e-commerces mais usados no Brasil

Os números mostram que as plataformas asiáticas estão abocanhando grande parte da participação no mercado online brasileiro

Em meio à discussão sobre a taxação de produtos importados via comércio eletrônico, as plataformas asiáticas Shoppe, AliExpress e Shein continuam entre as mais acessadas pelos brasileiros. Os dados são da edição de março do Relatório dos Setores do E-commerce, divulgado pela agência de SEO Conversion.

Três dos cinco e-commerces mais acessados no Brasil em março são asiáticos. Mercado Livre, ShopeeShein, Ifood e AliExpress aprecem nas primeiras posições do ranking.

Os números mostram que as plataformas asiáticas estão abocanhando grande parte da participação no mercado online brasileiro.

A Shein, por exemplo, deve alcançar R$ 16 bilhões em vendas neste ano só no Brasil, o que — se confirmado — a tornará maior do que a Renner, líder no segmento de fast fashion com modelo de roupa por departamento. O volume estimado para 2023 é o dobro dos R$ 8 bilhões do faturamento de 2022 e oito vezes o que se acredita ter sido a receita de 2021. Vale destacar que a companhia não divulga números nem no Brasil nem na China. Os números de 2022 e 2021 são cálculos do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

Empresários que atuam com o varejo nacional pressionam o governo para uma taxação mais severa em tais plataformas. A Receita Federal já anunciou que vai intensificar a fiscalização do pagamento de impostos de produtos importados via comércio eletrônico. Segundo o órgão, não haverá aumento de taxa, pois hoje já existe a tributação de 60% sobre o valor da encomenda, “mas que não tem sido efetiva”.

Atualmente, existe isenção de impostos sobre remessas internacionais até US$ 50, somente para transações feitas de pessoas físicas para pessoas físicas. Entretanto, o órgão está propondo mudanças no processamento de encomendas para evitar fraudes por grandes empresas estrangeiras.

Os 10 e-commerces mais acessados em março no Brasil

  1. Mercado Livre
  2. Shopee
  3. Shein
  4. Ifood
  5. AliExpress
  6. Magalu
  7. Amazon
  8. Americanas
  9. Azul
  10. Casas Bahia

O crescimento dos e-commerces asiáticos no Brasil

O boom das plataformas asiáticas ocorreu principalmente entre 2020 e 2022, período que acelerou a migração dos consumidores para o mercado online. Na ocasião, estratégias agressivas de vendas foram adotadas por tais players. Para Diego Ivo, CEO da Conversion, o crescimento meteórico dos e-commerces asiáticos está, em grande parte, relacionado ao ticket baixo.

“AS PLATAFORMAS ASIÁTICAS PERCEBERAM UMA GRANDE BRECHA NO E-COMMERCE GLOBAL, QUE É O TICKET BAIXO. NESSE CONTEXTO, CRIARAM GRANDE SENSO DE URGÊNCIA POR MEIO DE SUAS PROMOÇÕES, OFERECENDO UMA VERDADEIRA EXPERIÊNCIA DE BUSCA DE ACHADOS, O QUE ACABOU ESTIMULANDO AS PESSOAS A PASSAREM CADA VEZ MAIS TEMPO DENTRO DO SITE E DO APP”

Entre outras estratégias adotadas para estimular o consumo dos brasileiros, os ‘jogos casuais’ foram uma das apostas certeiras dos e-commerces asiáticos. Por meio dessa funcionalidade, os consumidores interagem com  minigames dentro dos apps das marcas, que oferecem prêmios, recompensas  e cupons de desconto para atrair os usuários. A plataforma mais conhecida por essa estratégia é a Shopee, que fez uma parceria com a gigante dos games, Garena, e se tornou o aplicativo de compras mais baixado do Brasil no ano passado.

Outro filão do marketing que os e-commerces asiáticos enxergaram foram as lives commerces, vendas ao vivo por streamings que ganhou força na China e se popularizou no mercado eletrônico global. Segundo estudo realizado pela Research and Markets, as estimativas são de que sejam levantados US $600 bilhões até 2027 por meio desse modelo de vendas. E o Brasil é um mercado em potencial para essa estratégia. 

Entregas rápidas e grande variedade de produtos são outros fatores que também corroboram para o grande sucesso das plataformas asiáticas no Brasil. Resta saber quais serão as próximas estratégias de vendas desses players – particularmente em meio a um cenário de tributação ainda incerto ao cross-border. A dúvida também se estende aos e-commerces nacionais: como irão reagir (e inovar) a maneira de vender seus produtos no país daqui pra frente.

Fonte: Exame