No Mundo
Quarta-feira, 15 de maio de 2024

Chanceler da Rússia visitará Cuba e Venezuela após passar pelo Brasil

Depois de passar pelo Brasil, nos próximos dias 17 e 18, o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, irá à Venezuela e a Cuba, segundo a Folha de S.Paulo apurou.
A viagem ao Brasil do ministro, há quase 20 anos à frente da diplomacia russa, foi acertada em encontro com o chanceler Mauro Vieira na Índia, em reunião do G20, em março. Depois, ele se encontrou com Celso Amorim, assessor da Presidência para política externa, em Moscou.
As ditaduras lideradas pelo venezuelano Nicolás Maduro e pelo cubano Miguel Díaz-Canel são duas das poucas aliadas da Rússia em fóruns internacionais, como as Nações Unidas, votando contra ou se abstendo em discussões que visam condenar a invasão russa da Ucrânia.
No Brasil, Lavrov deve falar sobre o conflito no Leste Europeu após o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defender a ideia ainda pouco concreta de uma espécie de clube da paz para interromper a guerra —o assunto foi tratado durante a ida de Amorim ao Kremlin.
A agenda econômica também estará nas tratativas. Em 2022, segundo relatou a agência estatal de notícias Tass, o volume de suprimentos agrícolas russos enviados ao Brasil cresceu 2,5 vezes. O país de Vladimir Putin teria enviado US$ 128 milhões em produtos agroindustriais ao Brasil.
“Assim, a nação latino-americana se junta aos 50 maiores compradores de alimentos russos devido a essa dinâmica”, diz uma nota do Ministério da Agricultura da Rússia mencionada pela Tass.
O chanceler também deve falar sobre o Brics, o bloco de países que Rússia e Brasil integram ao lado de África do Sul, China e Índia. Em recente reunião com embaixadores do bloco, Lavrov pediu, ainda segundo a Tass, que haja esforços para conter “ações destrutivas do Ocidente”.
“Lavrov enfatizou a necessidade de esforços conjuntos para combater as ações destinadas a destruir a arquitetura de segurança estabelecida que estão sendo realizadas de acordo com as políticas neocoloniais de países ocidentais”, disse a chancelaria russa em um comunicado.
Ainda durante a corrida eleitoral brasileira, Putin disse, em resposta a um questionamento da Folha de S.Paulo durante evento em Rogozinino, na Rússia, que tinha boas relações com Lula e com Jair Bolsonaro (PL).
Desde que o petista voltou ao Planalto, Moscou tem recebido acenos brasileiros, em especial com a proposta do “clube da paz”. Os gestos têm sido criticados por alguns especialistas, segundo os quais o governo Lula 3 não tem feito o mesmo movimento em relação à Ucrânia.
No início de março, Lula e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, conversaram por videochamada. O petista foi convidado por Zelenski para visitar Kiev e disse que iria em um momento oportuno. Ele também sinalizou disposição de intermediar negociações de paz.
Zelenski havia criticado o Brasil, ainda durante o governo Bolsonaro, pela neutralidade do país na guerra. Já no governo Lula, Brasília negou um pedido da Alemanha para fornecer munição de tanques que seria repassada por Berlim à Ucrânia na guerra.
Mais recentemente, durante um café com jornalistas na última semana, Lula disse que o Brasil se opõe à guerra, uma vez que ela representa a violação da integridade territorial de um país, mas também deu a entender que Zelenski terá de tornar suas exigências mais enxutas.
“Putin não pode ficar com terreno da Ucrânia. Talvez nem se discuta a Crimeia. Mas o que ele invadiu de novo, vai ter que repensar”, afirmou na ocasião. Já Zelenski não pode também ter tudo o que ele pensa que vai querer”, acrescentou ele.

Fonte: FolhaPress