Cultura
Terça-feira, 23 de julho de 2024

Morre Aline Kominsky-Crumb, cartunista underground pioneira

A cartunista americana Aline Kominsky-Crumb morreu nesta terça-feira (29), aos 74 anos, em sua casa na França. De acordo com a revista Forbes, a morte se deve a complicações causadas por um câncer no pâncreas.
Um dos principais nomes dos quadrinhos underground, Kominsky-Crumb foi pioneira ao pôr personagens femininas em evidência em seu trabalho. Ela colaborou com veículos importantes, como a revista The New Yorker e o jornal The New York Times.
Ela também participou do coletivo feminista Wimmen’s Comix, que publicou, entre os anos 1970 e 1990, uma série antológica de quadrinhos que tocou em diversos assuntos considerados tabus. Apareceram em suas páginas discussões caras às mulheres, além de temas mais amplos, como sexo e homossexualidade.
Ao lado de uma colaboradora do grupo, Diane Noomin, Kominsky-Crumb fundou outra série underground de sucesso, “Twisted Sisters”. Lesbianismo, empoderamento feminino e críticas ao patriarcado ecoavam a espinha dorsal da ideologia feminista que ganhava corpo à época.
Sua obra costumava refletir questões pessoais, com personagens que lidavam com problemas relacionados a pressão social, autoestima e identidade -Kominsky-Crumb era de família judaica e diversas vezes falou sobre os estereótipos que frequentemente recaíam sobre ela.
Ela era casada com Robert Crumb, ícone dos quadrinhos underground. Eles se conheceram graças a um amigo em comum, que encontrou semelhanças entre personagens que eles haviam desenhado. Eles se casaram em 1978 e tiveram uma filha dois anos depois.
Juntos, colaboraram em quadrinhos como “Aline and Bob’s Dirty Laundry”. Nos anos 1980, a cartunista assumiu a edição da revista Weirdo, criada pelo marido e até hoje uma das principais influências para a consolidação do mercado de HQs.
No Brasil, Kominsky-Crumb teve obras publicadas pela Companhia das Letras e emplacou quadrinhos na Piauí. Ela esteve com Robert Crumb na Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, em 2010.

Fonte: FolhaPress