Negócios
Terça-feira, 21 de maio de 2024

Tecnologia na xícara de café

Ao apresentar sustentabilidade e códigos embarcados em suas cápsulas, Nescafé Dolce Gusto expande público para os aficionados por inovação, sustentabilidade e para os que enxergam valor em um café bem tirado.

Há um aspecto da indústria de gadgets que definitivamente é bom para os negócios: em intervalos cada vez mais curtos de tempo, produtos são lançados com novas funcionalidades ou estética que relegam a versão anterior ao status de ultrapassada. Lógica parecida é adotada pela Nestlé na evolução de suas máquinas de café para uso doméstico desde a primeira Nespresso lançada em 1986. Desta vez, porém, a novidade vem sob a marca Nescafé Dolce Gusto, que acaba de apresentar a mais recente geração do equipamento, batizado de Neo. O que há de especial é que esse modelo – e somente ele – funciona como uma cápsula 100% feita de papel biodegradável que contém códigos impressos de leitura automática para quatro tipos de extração da bebida. O projeto, que pela primeira vez é um lançamento global feito no Brasil, uniu o time local e o da Suíça, levou cinco anos de desenvolvimento e só por aqui recebeu investimento de R$ 300 milhões.

Ainda que não divulgue perspectivas de vendas, o objetivo da empresa é expandir o consumo da marca que hoje participa com uma em cada sete xícaras consumidas no mundo, de acordo com Arnaud Deschamps, vice-presidente da companhia e head de Nescafé Dolce Gusto. “Investimos milhares de dólares para desenvolver essa nova geração que chega primeiro ao Brasil, mas cujo destino é bem mais ambicioso”, afirmou. O caminho escolhido para o crescimento dos negócios mostra a visão de futuro da empresa que prevê um incremento de 50% no consumo de café até 2050, com uma exigência mais acentuada por uma atuação corporativa responsável. E assim, o ESG se encontra com a oportunidade de novas receitas.

Divulgação

“Juntamos o fenômeno das cafeterias à praticidade do café tirado com o apertar de um botão” Arnaud Deschamps Vice-presidente da Nestlé.

Tanto investimento encontra respaldo em pesquisa realizada durante a fase de idealização do produto. Um dos achados aponta que 43% dos consumidores preferem evitar embalagens de plástico no consumo do café, matéria-prima usada na geração anterior das cápsulas da Nescafé Dolce Gusto. Já 47% acreditam que esse tipo de produto gera muito desperdício. Na versão biodegradável, o tamanho das cápsulas encolheu em 70%. Mas para que o ineditismo da experiência não parasse na embalagem e atendesse aos clientes que associam café de qualidade aos servidos pelas cafeterias (93% entre os entrevistados), a empresa desenvolveu um sistema em que códigos impressos no lacre da cápsula são lidos por sensores da máquina para que o melhor tipo de extração da bebida seja executado. São cinco no total: ristretto, espresso, lungo, caseiro e americano. “Juntamos o fenômeno das cafeterias e sustentabilidade à praticidade do café tirado com o apertar de um botão”, afirmou Deschamps.

MERCADO Com atuação em 186 países, a escolha do Brasil pela Nestlé para o lançamento global é explicada pelo tamanho do mercado. O País é o maior produtor de café do mundo com uma safra prevista de 3 milhões de toneladas para este ano, volume que garante mais de 30% de market share mundial. De acordo com Taissara Martins, gerente de ESG para Cafés e Bebidas da Nestlé Brasil, 10% dos grãos produzidos em território nacional são comprados pela empresa, e quando o corte são os 13% de grãos certificados, mais de 80% vão para a companhia. “Além do volume, a origem sustentável do café é um diferencial do País”, afirmou a executiva. Esse foi um dos pontos também considerados para que a fábrica de Montes Claros (MG) fosse pioneira na fabricação das cápsulas: fica perto dos centros produtores do grão que já têm técnicas de agricultura de baixo carbono estabelecidas.

O cuidado se justifica. Atualmente 70% das emissões de gases de efeito estufa da empresa têm origem na agricultura e diante da meta de reduzir em 50% as emissões de CO2 de suas operações até 2030, a Nestlé precisava atuar no problema. Assim foi lançado o Nescafé Plan 2030. Com investimento de 1 bilhão de francos suíços, a meta é que todo o café recebido e comercializado pela companhia até a data estipulada seja de origem sustentável e que 100% de seus fornecedores sejam considerados especialistas em agricultura regenerativa. Dessas fazendas sairão as dez opções de café que o consumidor pode escolher para estrear sua nova máquina.

Fonte: IstoéDinheiro