Negócios
Quarta-feira, 24 de julho de 2024

Empreendedoras comandam startup que quer conectar PMEs a fazendas geradoras de energia solar

A Ligy Energia promove modelo de energia limpa compartilhada, que busca baratear custos para empreendedores

Você sabe de onde vem a energia elétrica que consome no seu negócio? Se pudesse, escolheria uma opção mais limpa e barata? Foi ao fazer essas perguntas que startup Ligy Energia surgiu em Fortaleza, no Ceará. A ideia é possibilitar que pequenos empreendedores tenham acesso à energia solar, sem precisar investir em instalação de placas. A empresa é comandada por Sara Aragão e Andressa Veríssimo e se prepara para lançar o MVP em janeiro de 2023.

A Ligy nasceu dentro da Grid, empresa de desenvolvimento de projetos de energia solar. A startup começou a tomar forma quando Sara Aragão estava grávida de três meses. Com experiência de seis anos no marketing da Enel no Ceará e quase três anos na fintech Flourish, ela recebeu a missão de liderar a construção da empresa, que está completando um ano de existência agora.

O negócio se baseia em economia compartilhada para distribuir energia elétrica gerada a partir de placas de energia solar. A startup busca conectar a fazenda geradora de um investidor particular a donos de PMEs, que se unem em clubes de assinatura para receber os créditos da energia limpa. “Nossa ideia é facilitar o processo para o cliente. Sabemos que existe uma burocracia natural do setor, que é engessado”, afirma Veríssimo.

A empresa realizou entrevistas com 40 empreendedores, entre gerentes de bares, síndicos de condomínio e proprietários de salões de beleza — negócios que, em sua maioria, ocupam espaços alugados e têm alto consumo energético — e o custo da energia surgiu como uma das principais dores. “Eles estavam sem saída. Muitos já tinham ouvido falar em energia solar, buscado formas de instalar placas solares, mas enfrentaram barreiras. A maioria ocupa pontos alugados, o que dificulta a aquisição da placa por um possível deslocamento no futuro. O investimento inicial e a manutenção periódica também comprometem o orçamento, que já está apertado. Quando apresentamos a nossa ideia, muitos se interessaram”, conta Veríssimo.

No modelo da Ligy, o empreendedor interessado deve pedir um convite pelo site da empresa, que faz uma análise de consumo energético. Ele não precisa investir em uma placa de energia — a parte de geração acontece na fazenda do investidor da startup, no Ceará. A eletricidade chega diretamente pela distribuidora que ele já conhece e está habituado. “Queremos melhorar a experiência que esse cliente já tem com as distribuidoras. Somos a ponta que faz a conexão com PMEs que querem receber energia limpa e mais barata”, explica Aragão.

A diferença para o cliente final está na cobrança. A partir da análise do consumo, a startup descobre a porcentagem que aquele negócio vai demandar da usina, gerando créditos. Mensalmente, o cliente paga o valor equivalente à porcentagem da geração daquela energia para a Ligy e o valor da distribuição para a concessionária responsável na localidade. “Nós faremos um documento para a distribuidora listando os clientes que recebem energia limpa gerada por nossa fazenda, quanto cada um consome do clube. A distribuidora vê o quanto você consumiu e faz a compensação na conta”, pontua Veríssimo.

A startup está trabalhando no MVP, que será testado por um grupo de 15 a 20 pequenos negócios. Até o momento, a Ligy não levantou capital além do investimento inicial — não informado —, da própria Grid. A primeira usina está prevista para iniciar a geração de energia em janeiro de 2023. Por ser o estado onde a empresa surgiu e pelo relacionamento mais fácil com a distribuidora, uma vez que vários ex-funcionários da Enel estão no quadro de colaboradores da startup, o Ceará será a região piloto. A ideia é criar outros dois clubes antes da expansão para o Rio de Janeiro e São Paulo. “Temos equipe enxuta que aproveita a colaboração com outra empresa para ser eficiente. Buscamos não ter ativos. As usinas não são nossas, e por isso temos custos mais baixos para a operação”, finaliza Aragão.

Fonte: Revista PEGN