Nesta quinta-feira (29), a TV Globo irá transmitir o último debate entre os candidatos à Presidência da República antes do primeiro turno, que acontece no domingo (2).
Com mediação do jornalista e apresentador William Bonner, irão participar do evento Ciro Gomes (PDT), Luiz Felipe D’Ávila (Novo), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB), mas todos os holofotes dos Estúdios Globo estarão voltados para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), por serem os mais indicados nas pesquisas de intenção de voto dos últimos meses.
O mais recente levantamento Exame/Ideia, divulgado na manhã desta quinta, mostra Lula com 47% nas intenções e Bolsonaro com 37%.
Apesar de não ter comparecido no último debate realizado pelo SBT, no sábado (24), o petista, que lidera as pesquisas até o momento, já afirmou nas redes sociais que estará presente, assim como seu oponente.
Para os candidatos que estão à frente, a recomendação é sempre tomar cuidado com as respostas e evitar qualquer novidade que possa mudar o quadro, explica o docente do curso de pós-graduação em Ciência Política da FESPSP Hilton Cesário Fernandes.
“No entanto, com a chance de conclusão no primeiro turno, é possível que os candidatos se arrisquem em algum momento”, observa.
Bolsonaro ainda mais agressivo
Debates são mais complicados para quem está no cargo do que para quem o quer, afirma Marcelo Vitorino, professor de marketing político pela ESPM e IDP. Para o atual Chefe do Executivo, essa pode ser sua última chance de convencer os eleitores a lhe darem uma nova oportunidade na eleição, promovendo um segundo turno.
“Sua estratégia tem sido aumentar a rejeição de Lula para evitar o fim da eleição no primeiro turno, mas também voltou a adotar um discurso agressivo para desqualificar o processo eleitoral, a imprensa e as pesquisas”, aponta Fernandes.
“Bolsonaro precisa de um fato novo que possa alterar a opinião dos eleitores e deve ser auxiliado pelo candidato padre Kelmon, que já demonstrou ser aliado do atual presidente”, complementa o professor.
A expectativa dos especialistas é que o atual presidente foque no candidato do PT. “Eu acredito que nesse último debate ele vai ser mais agressivo, a temática da corrupção vai ser mais agressiva. Ele vai tentar cravar bordões, frases de efeitos, ‘lacrações’ para que isso possa ser replicado de maneira muito intensa na internet”, avalia Mayra Goulart, cientista política e professora da UFRJ, que lembra que o WhatsApp é um terreno em que Bolsonaro navega muito bem.
Lula deve revidar
Para Fernandes, Lula deve focar seu discurso em recordações de seu governo e mensagens de esperança, como reação aos ataques de seus adversários que apostarão no aumento da rejeição do petista.
Na análise da professora da UFRJ, o petista seguirá tentando falar com as mulheres conservadoras, religiosas ou não, que ainda não estão convictas de seus votos, mas que fazem parte do nicho de seus eleitores, que são mulheres e camadas populares.
Ela também aposta em uma reação mais combativa do petista: “Acho que nesse debate ele vai se defender de maneira mais contundente dos ataques que vão vir de Bolsonaro enfatizando a questão da corrupção. Acho que ele vai trabalhar muito nessa defesa, para que ele não apenas mude de assunto e venha falar novamente das suas conquistas econômicas e políticas internas e relações internacionais”, aposta ela.
Fonte: IstoéDinheiro