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Terça-feira, 23 de julho de 2024

Um calendário… A arma do Zoom contra Google e Microsoft

Desde o auge, há quase dois anos, a companhia de videoconferências viu seu valor de mercado perder mais de US$ 100 bilhões

Desde que o mundo retomou à vida presencial, o Zoom vem perdendo tração — e valor de mercado. Num ambiente em que precisa lidar com brutamontes como Google e Microsoft e recuperar a confiança dos investidores, a companhia de vídeo decidiu contra-atacar criando o próprio serviço de e-mail e calendário.

O desenvolvimento dos novos produtos do Zoom deve ser concluídos até a próxima Zoomtopia, a conferência com clientes agendada para os dias 8 e 9 de novembro, revelou o The Information. Batizados internamente de Zmail e Zcal, os novos serviços estão em desenvolvimento há dois anos.

Com o arrefecimento da pandemia, a Zoom um dos seus maiores desafios. A companhia ainda gera um fluxo de caixa considerável, – US$ 230 milhões no segundo trimestre –, mas o o crescimento das vendas desacelerou com a redução de demanda por videoconferências.

No segundo trimestre, a receita subiu 8%, uma desaceleração na comparação com o crescimento de 12% no trimestre anterior. A própria companhia não nega seu descontentamento. Kelly Steckelberg, CFO do Zoom, considerou o desempenho “decepcionante e abaixo de nossas expectativas”.

Ao desenvolver os novos serviços, o CEO Eric Yuan almeja fazer do e-mail e calendário de sua empresa os pilares de um pacote de produtividade, especialmente para as 200 mil empresas que pagam pelo Zoom, a maioria de pequeno e médio porte.

Desde o pico, há dois anos, as ações do Zoom já caíram 85%. No auge, a companhia de vídeos chegou a valer US$ 139 bilhões — mais do que a Exxon na mesma época, US$ 138 bilhões. Atualmente, o papel voltou aos níveis pré-pandemia, com o negócio valendo US$ 24 bilhões.

A grande dúvida do pacote Zmail e Zcal está na recepção dos clientes. Será que eles vão topar uma migração completa só para obter uma integração mais fácil com as videochamadas? Atualmente, Microsoft e Google controlam respectivamente 85% e 14% do mercado global para e-mail e outros aplicativos de produtividade, segundo a consultoria Gartner.

Não está claro se o Zoom também planeja lançar aplicativos de texto e planilhas como os concorrentes, mas a empresa já lançou outros serviços, como um quadro branco digital para ajudar na colaboração entre funcionários em uma chamada e um produto para colaboradores acompanharem progresso de projetos internos.

Se avançar mesmo com um pacote de produtividade, o Zoom estará comprando uma briga de cachorro grande, numa mudança de rumo estratégico. Há menos de dois anos, o CEO da companhia disse aos investidores que estava mais interessado em trabalhar em parceria com empresas como Microsoft do que competir diretamente com elas.

Fonte: Valor Pipeline