Economia
Domingo, 12 de maio de 2024

Oito FIIs com bons pontos de entrada mesmo com a recente valorização dos fundos imobiliários

Apesar da alta das últimas semanas, fundos imobiliários com bom potencial de valorização oferecem descontos de até 25%

O Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na B3 – acumula oito semanas seguidas de ganhos e muitos fundos vistos com bons olhos em julho já não oferecem mais um bom ponto de entrada. Mesmo assim, especialistas consideram que há espaço para novas elevações e que ainda há boas oportunidades de investimento neste mercado.

O tema foi destaque da edição desta terça-feira (13) do Liga de FIIs, programa produzido pelo InfoMoney e que tem apresentação de Maria Fernanda Violatti, analista da XP, Thiago Otuki, economista do Clube FII, e Wellington Carvalho, repórter do InfoMoney. 

No programa, os especialistas do Liga de FIIs discutiram o atual momento do mercado de fundos imobiliários, que teve em agosto o melhor mês do ano, com elevação de 5,76%. Além disso, Maria Fernanda e Otuki destacaram oito fundos ainda descontados e com bom potencial de valorização no médio e longo prazo.

Para a seleção dos FIIs, eles tomaram como base a taxa de retorno com dividendos das carteiras (dividend yield) nos últimos 12 meses e o P/VPA (preço sobre valor patrimonial), indicador usado para dimensionar o desconto oferecido pelo fundo.

O FII JS Real Estate Multigestão, por exemplo, tem sido negociado por 75% do valor patrimonial, ou seja, com um desconto de 25%, o maior entre os fundos citados por Maria Fernanda e Otuki. Confira a relação completa.

TickerFundo SegmentoDesconto na cota (%)Dividend Yield – 12 meses (%)
JSRE11JS Real Estate MultigestãoCorporativo257,2
PATL11Pátria LogísticaLogística18,38,6
HGRE11CSHG Real EstateCorporativo13,57,7
VIUR11Vinci Imóveis UrbanosRenda Urbana13,210,3
HSML11HSI MallsShopping8,27,7
TEPP11Tellus PropertiesCorporativo87,1
LVBI11VBI LogísticoLogística3,17,7
HGBS11Hedge Brasil ShoppingShopping37,4

Fonte: Clube FII

Recuperação do mercado de FIIs

Com a redução da circulação de pessoas durante a pandemia da Covid-19, os fundos imobiliários – especialmente os de shoppings e o de escritórios – tiveram a receita reduzida e viram suas cotas perderem valor na Bolsa. A migração de investidores da renda variável para a renda fixa – mais rentável com a alta dos juros – também ajudou a derrubar os papéis.

No entanto, a deflação apurada pelo IPCA em julho e agosto e o possível fim do ciclo de elevação dos juros acionaram o gatilho do mercado, que foi às compras e aproveitou as oportunidades entre os FIIs de “tijolo” – que apresentavam os maiores descontos.

Até hoje, os fundos imobiliários ainda são negociados abaixo do valor patrimonial, mas em um nível um pouco acima do observado há dois meses. Com um P/VPA atual de 0,79 – contra 0,70 em julho – o segmento de lajes corporativas segue como o mais descontado.

P/VPA – Quanto mais próximo de 1 estiver o P/VPA, mais perto do valor justo estará a cota do FII. Acima deste patamar o papel é negociado com ágio e, abaixo, com desconto.

Em agosto, esses fundos de “tijolo” – que investem nos segmentos de logística, escritórios e shopping centers, entre outros – subiram, em média, 11%, acima dos 5,76% do Ifix.

Desconto também nos FIIs de “papel”?

Em paralelo à retomada dos fundos de “tijolo”, o mercado repercute o impacto da deflação na distribuição de dividendos dos FIIs de “papel” – focados no investimento em títulos de renda fixa atrelados a índices de inflação ou à taxa do CDI (certificado de depósito interbancário).

Nos últimos anos, a rentabilidade dessa classe de ativos acompanhou a elevação dos preços e dos juros no País e os fundos chegaram a ostentar valorização de quase 30% em 12 meses. A mudança de tendência dos indicadores agora reduz a atratividade dos FIIs de “papel”, que podem inclusive reduzir o pagamento de dividendos.

Maria Fernanda reconhece o momento mais desafiador para os FIIs de “papel”, mas lembra que o atual cuidado do mercado com esse tipo de fundo pode refletir na desvalorização das cotas, abrindo oportunidades de compra.

“A gente olha com atenção a capacidade desses fundos [de “papel”] de seguir pagando bons dividendos e o desconto que eventualmente possam oferecer a partir de agora”, pondera Maria Fernanda, que compara a situação com a que viveu os fundos de “tijolo” até julho.

Fonte: InfoMoney