Economia
Quarta-feira, 24 de julho de 2024

Dólar acompanha alívio externo e recua ante real; mercado digere IPCA

O dólar abriu em queda frente ao real nesta sexta-feira, acompanhando movimento internacional de melhora no apetite por risco e alta das commodities, enquanto investidores digeriam dados de inflação domésticos que vieram não muito diferentes do esperado.

Às 10:21 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,42%, a 5,1849 reais na venda, a caminho de encerrar a semana –que foi encurtada por feriado na quarta-feira– com pouca alteração em relação ao fechamento da última sexta.

Na B3, às 10:21 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,65%, a 5,2130 reais.

“Mercados se tranquilizam mundo afora, principalmente com notícias positivas da China, o que no nosso caso pega dobrado, visto nossa grande dependência deles”, disse em publicação no Twitter Sergio Machado, sócio e gestor da Trópico.

Cresceram as esperanças de mais estímulos na China depois que dados mostraram desaceleração da inflação no país em agosto, conforme as autoridades da segunda maior economia do mundo buscam frear os impactos negativos de rígidas medidas de controle da Covid-19.

Isso, por sua vez impulsionou os preços de commodities como minério de ferro e petróleo, e várias moedas sensíveis a esses produtos –como pesos mexicano, chileno e colombiano, rand sul-africano e dólar australiano, importantes pares do real– tinham ganhos acentuados nesta manhã.

Um índice do dólar contra cesta de seis pares fortes apresentava queda de 0,50%, com o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, prestes a entrar em período de silêncio antes de sua reunião de política monetária dos dias 20 e 21 de setembro. Uma série de declarações mais duras de autoridades do Fed alimentaram um rali da moeda norte-americana nos últimos dias, já que investidores temem que uma alta muito agressiva dos juros por lá desencadeie uma recessão global.

No Brasil, o IBGE informou nesta manhã que o IPCA caiu 0,36% em agosto, acumulando alta de 8,73% em 12 meses. A expectativa de analistas era de queda mensal apenas ligeiramente maior, de 0,39%, e de alta de 8,72% em 12 meses.

Investidores ainda estavam digerindo a leitura, com alguns destacando o melhor resultado para agosto desde 1998, mas outros se mostrando insatisfeitos com um qualitativo não muito bom, já que houve alta na difusão da inflação.

No geral, “eu não acredito que isso mude muito o panorama para o Banco Central na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária)”, comentou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, que, como a maioria dos participantes do mercado, acredita na manutenção da taxa Selic em 13,75%.

Declarações mais duras de autoridades do BC, no entanto, recentemente alimentaram apostas na adoção de uma alta residual de 0,25 ponto percentual nos juros no encontro de política monetária deste mês. Nesta sexta-feira, a probabilidade implícita em contratos futuros de juros de tal ajuste era de 35%.

O dólar fechou a última sessão em baixa de 0,63%, a 5,2066 reais na venda.

Fonte: Reuters