Economia
Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Ibovespa cai mais de 1% e dólar opera em alta com temores sobre recessão global

Dado da inflação referente a junho superou expectativas do mercado, reforçando projeções de uma postura mais dura do Federal Reserve

dólar subia 0,64%, cotado a R$ 5,440, por volta das 16h10 desta quinta-feira (14), refletindo uma valorização global conforme os investidores aumentam apostas em uma alta de juros mais agressiva nos Estados Unidos por parte do Federal Reserve. Nesta sessão, o dólar chegou à máxima de R$ 5,49 em relação ao real, no maior valor desde 24 de janeiro de 2022.

No mesmo horário, o Ibovespa caía 1,75%, aos 96.167 pontos, puxado para baixo principalmente por ações ligadas a commodities, que recuam acompanhando a desvalorização nos preços dos produtos em meio à expectativa de uma demanda global menor devido à possibilidade de uma recessão econômica em grandes economias devido aos seus movimentos de alta de juros.

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) norte-americano, divulgado na véspera, registrou uma alta acumulada de 9,1% nos 12 meses encerrados em junho. O indicador não apenas não deu sinais de desaceleração como veio acima do esperado pelo mercado.

Com isso, cresceram as apostas em uma nova elevação de 0,75 ponto percentual nos juros na próxima reunião do Fed, em julho. Além disso, também ganharam força apostas em uma alta de 1 p.p., que seria a maior desde a década de 1990.

Além de tornar o dólar mais atraente para investimentos, a elevação de juros mais agressiva reforça apostas em uma recessão nos Estados Unidos, o que aumenta a aversão a riscos pelos investidores e favorece ativos mais seguros, caso da moeda norte-americana, com a retirada de investimentos em mercados como o brasileiro.

Na quarta-feira (13), o dólar fechou em queda de 0,65%, a R$ 5,404. Já o Ibovespa recuou 0,40%, aos 97.881 pontos.

Sentimento global

Os investidores ainda mantêm uma forte aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.

A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 4 de maio. A alta foi de 0,75 ponto percentual, maior desde 1994, e novas elevações na mesma magnitude não foram descartas.

Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

Entretanto, o combate do país à maior inflação em 41 anos gera crescentes temores de uma recessão na maior economia do mundo devido à necessidade de um aperto monetário agressivo. O risco leva a uma aversão a riscos, favorecendo o dólar e prejudicando ativos considerados arriscados, caso do mercado brasileiro.

Por outro lado, novas restrições em cidades da China foram anunciadas no início de julho, revertendo um cenário de otimismo sobre uma retomada da economia do país após meses de lockdown em Xangai e Pequim. O quadro reforça temores de uma desaceleração econômica chinesa e consequente queda na demanda por commodities.

No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto.

Com a combinação de ambientes interno e externo adversos, a retirada de investimentos prejudica o Ibovespa e favorece o dólar em relação ao real.

Fonte: CNN