Economia
Quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Governo vai elevar projeção de crescimento do PIB para 2% neste ano

O Ministério da Economia vai revisar sua estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2022, de 1,5% para 2%, segundo fontes do governo ouvidas pela reportagem.
A nova projeção indica uma melhora na perspectiva para a atividade econômica neste ano, na esteira dos números positivos observados na produção industrial, no volume de serviços e na queda do desemprego.
Já para 2023, a estimativa deve ser mantida em alta de 2,5%. O anúncio está programado para a próxima quinta-feira (14).
O dado sobre o PIB serve de referência para a revisão bimestral do Orçamento, que será concluída até o dia 22 de julho.
Um crescimento mais robusto da economia neste ano se traduz em um volume maior de receitas para o governo, contribuindo para reduzir o déficit nas contas.
No entanto, o teto de gastos impede que a arrecadação extra seja usada para bancar novas despesas.
A PEC (proposta de emenda à Constituição) das bondades é uma exceção ao permitir ao presidente Jair Bolsonaro (PL) furar o teto e turbinar benefícios sociais a menos de três meses das eleições.
Os novos números do Orçamento ainda serão discutidos internamente pelos técnicos antes da decisão final da JEO (Junta de Execução Orçamentária), colegiado formado pelos ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) e Paulo Guedes (Economia). Mas já há uma fila de demandas para serem acomodadas.
Entre elas, calcula-se um custo de R$ 3,8 bilhões até o fim do ano com a derrubada dos vetos às leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, que buscam fomentar a cultura.
O maior otimismo do governo com o desempenho do PIB neste ano tem encontrado eco no mercado financeiro. Segundo o Boletim Focus, coletado pelo Banco Central, as estimativas de crescimento para este ano subiram a 1,59% na edição divulgada segunda-feira (11), mas algumas instituições como o Itaú também projetam variação maior, de 2%.
O governo começou o ano com uma previsão de crescimento de 2,1%, mas o dado acabou sendo revisado em março diante dos temores de uma desaceleração mais intensa da economia depois da recuperação pós-Covid.
Em 2021, o PIB brasileiro cresceu 4,6%, compensando o tombo de 3,9% em 2020, ano que concentrou os efeitos mais devastadores da crise sanitária.
Apesar de a alta na taxa básica de juros, a Selic, servir como um freio para a economia, outras medidas têm ido na contramão, ajudando a sustentar a atividade -o que, por outro lado, dificulta a tarefa do Banco Central de controlar a inflação.
No início do ano, o governo já havia liberado um saque extraordinário de R$ 1.000 a trabalhadores com recursos no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).
A equipe de Guedes também anunciou cortes de tributos sobre produtos industrializados, diesel e gás de cozinha.
No fim de junho, o Congresso aprovou um novo corte de tributos federais sobre gasolina e etanol, além de ter fixado um teto para a cobrança de ICMS, imposto estadual, sobre combustíveis, energia elétrica, transportes e telecomunicações.
A PEC das bondades ainda permite ao governo turbinar benefícios sociais, elevando o piso do Auxílio Brasil a R$ 600, criando um auxílio a caminhoneiros de R$ 1.000 mensais e dobrando o valor do Auxílio Gás.
Em audiência pública no Senado nesta terça-feira (12), o ministro Paulo Guedes destacou o otimismo com a retomada da economia, embora não tenha detalhado as novas projeções oficiais.
Em diferentes ocasiões, ele já alertou, em tom de desafio, que os economistas estão errados em suas previsões mais pessimistas. Para ele, o mercado subestima o potencial de crescimento do Brasil em 2022.
“O Brasil está surpreendendo. A economia está crescendo mais do que todas as estimativas. As estimativas estão sendo revistas para cima”, disse Guedes aos senadores.
“Em vez de tirar nota dez no fiscal e nota zero no social, é muito melhor compartilharmos esse excesso de arrecadação com os mais frágeis, repassando uma parte desse excesso de arrecadação, sob a forma de redução de impostos”, acrescentou, defendendo as medidas.

Fonte: FolhaPress/Idiana Tomazelli