Agronegócio
Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Carne produzida no bioma Pampa conquista selo de identificação

A alimentação dos animais no Pampa, composta em sua maior parte pela rica variedade dos pastos naturais, dá origem a um produto com perfil de gordura mais saudável

A carne de animais criados no Pampa gaúcho já é comercializada com selo de identificação de origem. Reconhecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a marca coletiva Apropampa, da Associação dos Produtores de Carne do Pampa Gaúcho, valoriza os produtos cárneos oriundos do bioma, facilitando o seu reconhecimento no mercado por parte dos consumidores.

Conforme o presidente da Apropampa, Custódio Magalhães, a combinação entre a variedade de pastos naturais e cultivados, o clima, as raças taurinas e sintéticas criadas e o manejo utilizado são os grandes diferenciais que formam a singularidade da carne do Pampa. Assim, para ter o selo, todas as etapas da produção devem se dar no bioma, apenas com a possibilidade de abate fora do Pampa, mas ainda assim dentro do Rio Grande do Sul. 

“É 100% do Pampa. Os animais têm de ser nascidos e criados na região. Queremos nos comunicar com o consumidor. Para que ele enxergue o selo e reconheça o que há por trás”, explica.

A Embrapa, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o governo do Estado do Rio Grande do Sul foram parceiros da Apropampa no processo que resultou na marca coletiva. Segundo Danilo Sant’Anna, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul (RS), além de diferenciar a carne, o objetivo da distinção é contar toda a história e significado que existe por trás do produto final.

“O Pampa é um ambiente naturalmente campestre, diverso e muito propício à atividade pecuária pastoril. E a figura do gaúcho, bem como sua cultura e tradição, se moldou por esse ambiente e por essa vocação para a pecuária. Nós não desmatamos para produzir, temos o ambiente propício, e a Apropampa pretende comunicar isso aos seus consumidores. Ao mesmo tempo, trabalhar pelo fomento à boa produção, constância e qualidade ofertadas ao consumidor, é uma necessidade. Daí outro dos eixos de trabalho entre a Embrapa e a Associação. Fazer essa parceria com a Embrapa qualifica a produção e promove a diferenciação do produto, possibilitando incremento de renda ao longo de toda a cadeia”, destacou Sant’Anna.

Conforme Sant’Anna, a Embrapa participou de todo o processo que resultou na conquista do selo, desde apoio à formação da Apropampa até estudos técnicos de delimitação da área geográfica para identificação da origem da carne. A empresa também é membro do conselho técnico regulador da associação, além de apoiar o fomento à cadeia da carne e na negociação com novos frigoríficos interessados em valorizar a proteína oriunda do Pampa.

Parcerias para disseminação da marca

O primeiro abate com o selo da marca coletiva foi realizado inicialmente em Pelotas. Agora, a Apropampa busca firmar parceria com frigoríficos interessados em colocar no mercado a carne com o selo da marca. 

Apropampa: agregação de valor à carne produzida no bioma

A Apropampa é uma associação de produtores rurais organizada para valorizar a região do Pampa gaúcho e sua produção. O projeto abrange animais nascidos e criados na parte brasileira do bioma Pampa, em sistemas de alimentação predominantemente a pasto, com o uso de raças majoritariamente taurinas de corte. 

“Ao identificar o produto no mercado com o uso do selo, o consumidor vai poder reconhecer essas características (promovidas pelo trabalho conjunto da Associação, Embrapa e parceiros) e, assim, diferenciá-lo e valorizá-lo. Dessa forma, a Apropampa e os produtores associados passam a ter produtos com maior valor agregado, na medida em que esse reconhecimento se converte em preferência do consumidor e no consequente aumento da demanda por esses produtos”, destaca Sant’Anna. 

De acordo com o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Flores Cardoso, é estratégico que a Embrapa apoie todos esses processos, desde o fomento à produção sustentável até a diferenciação dos produtos no mercado, de forma auditável e certificável. “Isso fomenta o associativismo e outros processos pertinentes a essa importante diferenciação dos produtos do Pampa e a valorização e desenvolvimento sustentável desse Território”, disse. 

Fonte: Notícias Agrícolas