Negócios
Sexta-feira, 17 de maio de 2024

Zippi, fintech do crédito semanal para autônomos, capta US$ 16 milhões e atrai Tiger Global

São cabeleireiras, jardineiros, cozinheiras que, entre o momento da compra dos insumos e o recebimento pelo serviço, raramente precisam mais do que uma semana de prazo para a quitação. Hoje, a Zippi atende “dezenas de milhares de clientes” e acumula uma fila de espera com mais de meio milhão de solicitações.

“O volume do que é transacionado em Pix é incrível. Isso vinha nos chamando atenção e estávamos procurando alguma iniciativa nesse sentido para investir”, conta Gregory Reider, sócio da Volpe Capital. “O segundo fator que nos levou a entrar, foi o time. Não só os fundadores, como os profissionais que eles estão trazendo. Nessa etapa mais inicial, sempre vai haver desafios e problemas, a questão é a forma como se lida com eles. É isso que diferencia um grande empreendedor”.

Este é o primeiro investimento que a Volpe faz em 2022. Os motivos que atraíram a casa dos ex-Softbank também fisgaram a Globo Ventures. “O ecossistema do Pix está no começo e, para ser cada vez mais funcional, essa plataforma aberta vai precisar de inovações, interfaces e apps que a utilizam como meio de pagamento. A Zippi é uma das primeiras companhias a fazer isso, num nicho super interessante e carente que são as PMEs”, diz Luis Lora, sócio executivo da gestora.

O trio de fundadores

A história da Zippi começa nos Estados Unidos. Bernardes, formado em finanças pela FGV, conheceu Bruno Lucas, economista pela Cornell, quando cursaram juntos um MBA no MIT, o instituto referência global em tecnologia. A dupla tinha começado a desenvolver os planos de empreender em algo que pudesse atender à grande massa de trabalhadores autônomos no Brasil, quando conheceu Ludmila Pontremolez.

Engenheira formada pelo ITA, com direito a estágio na Nasa por meio do programa público Ciência sem Fronteiras e também na Microsoft, Ludmila se aproximou do universo de finanças na Square, companhia californiana de tecnologia para pagamentos. Hoje, como CTO, chefia o time de 20 desenvolvedores e técnicos que tornam possível a operação da Zippi – Lucas é o CFO.

Nascida em São José dos Campos, Pontremolez vem de uma família de mulheres de exatas. As duas irmãs também são engenheiras. “Minha mãe sempre nos incentivou a fazer o que a gente quisesse, a seguir nossa paixão pelos números”, conta a empreendedoras, uma exceção num mercado ainda bastante macsculino. Na minha carreira, sempre fui minoria. Como mulher, na área de tecnologia, como latina, nos EUA. Hoje, na Zippi, estamos tentando mudar essa história. A maioria do time é composto por mulheres, inclusive em cargos de liderança.”

O histórico dos empreendedores abriu portas no mercado americano. Em 2019, a startup foi selecionada para o programa da Y Combinator, que já acelerou empresas como Airbnb, Coinbase, DoorDash. A rodada pré-seed, de US$ 450 mil, contou também com a participação da brasileira Canary. Até hoje, a Zippi já levantou cerca de US$ 22 milhões, já considerando a série A.

A fintech tem um time enxuto – chegou à série A com apenas 24 funcionários -, mas parte do capital recebido agora será investida em contratações para o time de tecnologia. O baixo custo da operação favorece a empresa diante do cenário de baixa liquidez, avaliam os sócios.

“Acredito que, para boas oportunidades e bons times, o capital vai continuar fluindo. Conseguimos atrair nomes fortes como investidores graças a uma combinação de oportunidade, impossível dois anos atrás, sem o Pix, e equipe muito forte e enxuta”, diz Bernardes. “Nossa solução é sobre crédito, mas também sobre a capacidade de gerenciar pagamentos. O extrato bancário de um microempreendedor é uma zona, com diversas entradas e saídas. Existe, acima de tudo, uma demanda por gestão.”

Fonte: Pipeline Valor