Política
Domingo, 28 de abril de 2024

PSDB errou ao realizar prévias em um partido rachado, avalia cientista política

Deysi Cioccari afirma à CNN que partido se autoimplodiu ao usar mecanismo para definir candidatura sem lidar com racha interno

A cientista política Deysi Cioccari afirmou à CNN, nesta segunda-feira (16),considerar que as prévias para a escolha de pré-candidatos são um mecanismo democrático, mas em um partido rachado como o PSDB, “não tem como a candidatura ir para a frente.”

“Se o (ex-governador) João Doria conseguir sair como candidato ou não, o desgaste é irreparável nesse momento, nas eleições de 2022 o PSDB está morto”, disse, o que considera ser um processo de autoimplosão dos tucanos.

Ela questionou como um partido que não respeita as próprias decisões pode conseguir lançar um candidato a presidente.

No sábado (14), a CNN teve acesso a uma carta de João Doria ao presidente nacional do partido, Bruno Araújo, na qual o pré-candidato chama de “tentativa de golpe” a contratação de uma pesquisa sobre uma candidatura única da chamada terceira via, em acordo do partido com o MDB e o Cidadania, a ser divulgada na quarta-feira (18).

“O que a gente deve ver na quarta-feira é a assinatura de óbito do PSDB”, avalia Cioccari, para quem a terceira via nunca se concretizou.

Para ela, a tentativa de união sempre foi muito mais um “discurso pra gringo ver”. “A terceira via é um projeto em construção, e não se constrói do dia pra noite”, afirma.

Questionada se o modo de construção de João Doria de sua carreira política contribuiu para o racha no partido, a cientista política respondeu que a “política no Brasil é de coalizão, e é a única coisa que Doria não consegue fazer.”

Cioccari diz que a disputa presidencial deverá ficar mesmo entre os líderes das pesquisas: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“São dois extremos muito fortes que a gente não via na política há muito tempo”, avalia. A cientista política relembra que, desde a abertura democrática, PT e PSDB polarizavam as eleições presidenciais.

“As exceções foram 1989 e 2018, quando Bolsonaro suplantou o PSDB, mas agora vemos todo esse desgaste inviabilizar o partido.”

Fonte: CNN