Economia
Quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Itaú compra 11,3% da XP por R$7,9 bi

O Itaú Unibanco comprou 11,3% do capital da XP Inc por R$ 7,9 bilhões, com o grosso das ações vindo da gestora de private equity General Atlantic (GA), que investiu na companhia fundada por Guilherme Benchimol em 2012.

valuation de 19x lucro já havia sido acordado há anos, e coincidiu de estar em linha com o múltiplo que o mercado atribui hoje à XP, que negocia a 19,5x o lucro. A companhia vale cerca de R$ 70 bi na Bolsa.

Do total da venda – uma obrigação contratual prevista na aquisição inicial da XP pelo Itaú em 2017 – a GA respondeu por 7,9%; a XP Control, o veículo dos sócios que controlam a XP, por 2,3%; e a Dynamo, que também investiu na XP em 2012, por 1,2%.

Depois da negociação, a XP Control mantém 18,5% do capital total e 65,7% do poder de voto na XP.

A GA ainda tem 3,3% do capital total e 1,2% do capital votante; e a Dynamo não tem mais participação – pelo menos por meio de seu veículo de private equity.

Para reduzir o ruído entre os colaboradores da XP, o CEO Thiago Maffra reiterou num comunicado que o negócio foi uma obrigação contratual e que “não temos nenhum interesse em vender a XP Inc. ou qualquer parte da empresa, por menor que seja, para outro player do mercado.”

“Seguimos controlando a companhia como sempre fizemos e comprados no nosso sonho grande e de longo prazo de construir a maior e melhor empresa financeira do mundo.”

O negócio realizado ontem é uma consequência do casamento entre XP e Itaú em 2017.

Primeiro, eles acordaram que o banco compraria 49,9% da XP e poderia elevar a participação, chegando ao controle da corretora.

O Itaú primeiro subiria a fatia para 62,4% em 2020 pagando um múltiplo de 19x lucro; depois, poderia chegar a 74,9% em 2022, pagando o valor de mercado; e a partir de 2024, poderia ficar com 100% do negócio.

Mas em 2018, o Banco Central vetou a aquisição do controle.

Os termos do negócio foram redefinidos, e no redesenho ficou acertado que em 2022 o Itaú compraria mais 12,5% da XP pertencentes a XP Control, Dynamo e General Atlantic pagando 19x o lucro de 2021.

(Os 12,5% se tornaram 11,3% depois que a XP emitiu novas ações.)

O negócio foi acertado entre os acionistas e só dependeria da aprovação do Banco Central, o que aconteceu neste mês.

O divórcio entre Itaú e XP em 2021 não extinguiu essa obrigação de compra dos 11,3% firmada em 2017.

Nos últimos anos, o mercado especulava quanto o Itaú poderia lucrar ao revender essa fatia, já que a XP estava valendo muito mais na Bolsa.

A ação da XP negocia hoje bem abaixo de sua média histórica de 34x lucro – e parte do motivo é a pressão vendedora da Itaúsa.

A queda das ações começou a se acentuar no início de outubro, quando o banco criou um overhang ao distribuir sua posição na XP aos acionistas – entre eles a Itaúsa, que disse que venderia o papel porque a corretora não seria um ativo estratégico em seu portfólio.

De lá para cá, a Itaúsa já fez dois block trades, e ainda mantém 11,5% da XP – em dezembro, vendeu 1,4% da XP por R$ 1,3 bi; e em março, mais 2,14% por R$ 1,8 bi. A expectativa é que novas vendas aconteçam ao longo deste ano, o que mantém o papel sob pressão.

A venda da participação na XP por parte dos acionistas do Itaú marca o encerramento de um dos melhores investimentos da história do banco, que entrou na companhia a um valuation de R$ 12 bi há apenas cinco anos.

O mercado espera que o Itaú eventualmente se desfaça das ações adquiridas ontem, mas o timing da venda dependerá da avaliação do banco sobre o negócio da XP. Uma venda agora não traria um ganho de capital, mas se o banco avaliar que o negócio tende a piorar, ele estaria sujeito apenas às regras de lockup do acordo de acionistas.

Além do overhang da Itaúsa, a ação da XP também sofreu no ano passado com a reprecificação do setor de tecnologia pelo mundo e por conta do novo patamar da Selic no Brasil.

Fonte: Brazil Journal