Internacional
Terça-feira, 5 de novembro de 2024

Le Pen minimiza nervosismo dos mercados sobre eleição de domingo na França

A candidata de extrema-direita francesa Marine Le Pen minimizou o nervosismo do mercado causado por seus bons índices em pesquisas antes do primeiro turno da eleição presidencial de domingo, dizendo que seu programa visa os eleitores, e não os mercados.

Há muito tempo inabaláveis com o que parecia ser um caminho fácil para a reeleição do presidente Emmanuel Macron, os mercados se assustaram esta semana quando Le Pen diminuiu a diferença nas pesquisas de opinião o suficiente para que o resultado estivesse dentro da margem de erro.

Le Pen minimizou o que chamou de visão “apocalíptica”, dizendo à rádio RTL, nesta quinta-feira, que seu programa é sólido e buscará apoiar os negócios e “devolver dinheiro aos franceses”, reduzindo o Imposto de Valor Agregado (IVA), bem como a contribuição da França para o Orçamento da União Europeia.

“As políticas que quero implementar não são destinadas aos mercados de ações, o que será uma mudança em relação a Emmanuel Macron”, disse. “Não são os mercados que criam empregos, não são as finanças internacionais.”

Macron ainda está à frente em todas as pesquisas de opinião, mas seu início de campanha tardio e sem brilho levou até alguns em seu campo político a dizerem que uma vitória de Le Pen seria possível. Um provável alto nível de abstenção aumenta a incerteza.

“Há uma dinâmica a favor de Marine Le Pen”, disse Frederic Dabi, do instituto de pesquisa Ifop, acrescentando que existe a possibilidade de ela ultrapassar Macron para liderar o primeiro turno, embora ele ainda esteja à frente por enquanto.

“O segundo turno será muito apertado”, acrescentou.

A incerteza elevou os custos dos empréstimos da França, uma vez que os investidores veem com apreensão uma disputa eleitoral mais acirrada do que o esperado. A demanda dos investidores por títulos franceses em vez das notas da Alemanha, referência para a zona do euro, subiu nos últimos dias para o nível mais alto desde o início de 2020.

A campanha de Macron, que passou muito tempo focado na guerra da Ucrânia, reagiu nesta quinta-feira na frente econômica.

“Quero que as pessoas percebam como seria a França sob Marine Le Pen”, disse o ministro das Finanças, Bruno Le Maire, à emissora Franceinfo. “Haveria mais inflação”, disse ele, e mais impostos para financiar seu plano de nacionalizar estradas que atualmente têm cobrança de pedágio.

“E haveria menos soberania, porque seríamos aliados da Rússia, de Vladimir Putin”, acrescentou, atacando Le Pen por sua admiração de longa data pelo líder russo — que ela abrandou desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.

O órgão pró-negócios Institut Montaigne disse que o programa de Le Pen, que visa reduzir a idade de aposentadoria para 60 anos e cortar impostos sobre energia, pode ter um custo 75% maior do que ela estima.

Fonte: Reuters