O dólar devolveu perdas registradas mais cedo nesta quinta-feira e era negociado próximo da marca de 4,75 reais, com a moeda brasileira acompanhando movimento de desvalorização de seus pares emergentes e sensíveis às commodities.
Às 11:10 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,77%, a 4,7510 reais na venda, depois de mais cedo ter chegado a cair 0,52%, a 4,6904 reais na venda.
Na B3, às 11:10 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,53%, a 4,7765 reais.
Além do real, sol peruano, peso chileno, peso colombiano, rand sul-africano, dólar australiano e dólar neozelandês, moedas sensíveis ao apetite por risco global, registravam baixa de 0,3% a 0,7% frente à divisa norte-americana nesta manhã.
Jefferson Rugik, diretor-executivo da Correparti Corretora, disse que a inversão do sinal do dólar para positivo no mercado local parece refletir um mercado externo ainda afetado pelo posicionamento mais duro do Federal Reserve na ata de sua última reunião de política monetária, embora o sentimento tenha chegado a apresentar melhora mais cedo nesta quinta-feira.
Na véspera, o documento do banco central norte-americano impulsionou o dólar e os rendimentos dos títulos soberanos norte-americanos e derrubou as ações ao redor do mundo após mostrar que “muitas” autoridades estavam preparadas para aumentar os juros em doses de 0,50 ponto percentual ao longo dos próximos meses e começar a reduzir suas enormes participações em títulos. No encontro de 15 a 16 de março, o Fed havia elevado os custos dos empréstimos em 0,25 ponto percentual.
Nesta quinta-feira, reforçando as perspectivas de postura de política monetária mais dura nos EUA, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse que o Federal Reserve permanece atrasado em sua luta contra a inflação.
Juros mais altos nos EUA são vistos como fator de impulso para a moeda norte-americana, já que tendem a atrair recursos para o mercado de dívida da maior economia do mundo. Ao mesmo tempo, tendem a pressionar negativamente algumas ações, principalmente as de crescimento.
Na véspera, o dólar spot fechou em alta de 1,21%, a 4,7147 reais na venda, máxima desde 31 de março (4,7628 reais), em linha com a forte valorização da divisa norte-americana contra uma cesta de rivais fortes.
Nesta manhã, o índice do dólar rondava a estabilidade, perto de máximas em dois anos. As ações europeias tinham recuperação, mas se afastavam das máximas do dia, enquanto os principais índices de Wall Street apresentavam desempenho misto.
Embora já tenha subido acentuadamente nas últimas duas sessões, o dólar ainda acumula queda de quase 15% contra o real em 2022, deixando a divisa brasileira com o melhor desempenho global no período. O patamar elevado da taxa Selic –que torna a renda fixa local mais atraente–, a redução de ruídos políticos domésticos e a disparada das commodities desde a invasão da Ucrânia pela Rússia têm sido os principais responsáveis pelo rali do real neste ano, segundo especialistas.
Fonte: IstoéDinheiro