O primeiro-ministro nacionalista da Hungria, Viktor Orbán, conquistou um quarto mandato consecutivo nas eleições de domingo, com os eleitores endossando sua ambição de um Estado conservador e “iliberal”, e ignorando as preocupações sobre os laços estreitos com a Rússia.
A invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, pareceu afetar a campanha de Orbán nas últimas semanas, forçando-o a manobras para explicar as relações comerciais íntimas de uma década com o presidente russo, Vladimir Putin.
Mas ele montou uma campanha bem-sucedida para persuadir o eleitorado central de seu partido Fidesz de que a aliança de oposição de seis partidos liderada por Péter Márki-Zay, ao prometer melhorar os laços com a União Europeia, poderia levar o país à guerra — uma acusação negada pela oposição.
Cercado pelos principais membros do partido, um triunfante Orbán, de 58 anos, disse que a vitória de domingo veio contra todas as probabilidades.
“Conseguimos uma vitória tão grande que pode ser vista até da Lua”, afirmou. “Defendemos a soberania e a liberdade da Hungria.”
Os resultados preliminares com cerca de 98% dos votos contabilizados mostraram o partido Fidesz, de Orbán, liderando com 53,1% dos votos contra 35% da aliança da oposição de Márki-Zay.
Com base nos resultados preliminares, o órgão eleitoral nacional disse que o Fidesz teria 135 assentos no Parlamento, uma maioria de dois terços, e a aliança da oposição teria 56 assentos. Um partido de extrema-direita chamado Nossa Pátria também chegaria ao Parlamento, conquistando 7 cadeiras.
A vitória confortável pode encorajar Orbán em sua agenda política que, segundo os críticos, equivale a uma subversão das normas democráticas, da liberdade de mídia e dos direitos das minorias, principalmente gays e lésbicas.
Ao admitir a derrota, Márki-Zay, de 49 anos, disse que a vitória do Fidesz se deve ao que ele chamou de sua vasta máquina de propaganda, incluindo o domínio da mídia.
“Não quero esconder minha decepção, minha tristeza… Sabíamos que seria um campo de jogo desigual”, disse. “Admitimos que o Fidesz obteve uma grande maioria dos votos. Mas ainda contestamos se esta eleição foi democrática e livre.”
A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) enviou uma missão de monitoramento eleitoral em grande escala para a votação, apenas o segundo esforço desse tipo em um Estado membro da União Europeia.
Um dos líderes mais antigos da Europa, Orbán surgiu como um defensor das políticas anti-imigração e um oponente das duras sanções contra a área de energia da Rússia.
Críticos dizem que ele procurou consolidar o regime de partido único revisando a Constituição, assumindo o controle da maioria dos meios de comunicação e reformulando as regras eleitorais, além de ocupar cargos importantes do governo com aliados e recompensar empresários próximos ao Fidesz com lucrativos contratos estatais.
Fonte: Reuters