Economia
Quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Sob pressão, Tinder vai oferecer background check

App de paquera vai focar documentação em casos de violência e assédio, começando nos EUA

A tecnologia já ganhou espaço cativo na versão moderna da paquera, mas também já deixou evidente que não é ela quem vai eliminar os riscos inerentes a encontrar desconhecidos – como em toda rede social, encorajados pela proteção das telas. Em fevereiro, a Netflix atingiu um marco com a série O Golpista do Tinder, assistida por mais de 45 milhões de horas em menos de uma semana e figurando no ranking das 10 produções mais vistas na plataforma em 92 países.

O caso do israelense Shimon Hayut, que usava o aplicativo de namoro para golpes financeiros e usando diferentes identidades, possivelmente poderia ser enquadrado entre estelionato e falsidade ideológica – ainda que parte da audiência considere apenas um caso de malandragem versus ingenuidade. O que as mulheres envolvidas na história queriam (além do dinheiro de volta) era alertar outros potenciais alvos. Já houve um aplicativo com proposta nessa linha, mas o polêmico Lulu acabou queimado ao servir para análises subjetivas mais banais.

De olho no que pode ser de fato crime e no que já está documentado pela Justiça, o Tinder agora vai começar a disponibilizar a opção de background check para candidatos e candidatas que derem match, inicialmente no mercado americano, segundo o site TechCrunch. No ano passado, a holding Match Group, dona do app, investiu alguns milhões na plataforma sem fins lucrativos Garbo, especializada em checagem de antecedentes, de olho numa questão ainda mais grave.

O Match Group, também dono de outros aplicativo como OkCupid e PlentyofFish, já estava sob pressão. Um levantamento da organização de jornalismo investigativo, sem fins lucrativos, ProPublica e da universidade de Columbia, em 2019, mostrou casos que colocam o tal golpista do Tinder no rol de piadas ruins. Não há, no app, qualquer barreira para homens condenados por estupro ou feminicídio, mesmo que na lei americana haja a exigência de registro de agressor sexual e cruzamento de cadastros com listas estaduais e federais.

Assim como na maioria dos apps de intermediação, essa tarefa no Tinder cabe aos próprios usuários. A apuração da ProPublica e Columbia identificou ao menos 150 casos de agressão sexual em primeiros encontros marcados via apps nos EUA nos últimos anos, a maioria vítimas mulheres. Os casos tiveram origem em paqueras iniciadas em diferentes marcas do Match Group, exceto no app Match, o único da casa que tem a política de triagem dos usuários conforme as listas oficiais americanas de agressores sexuais.

Fonte: Valor Pipeline