Ataques aéreos israelenses provocaram graves danos nesta terça-feira (28) ao porto sírio de Latakia, na segunda ofensiva do mês contra a infraestrutura crucial para o comércio do país.
Durante a madrugada, “o inimigo israelense executou uma agressão aérea com mísseis a partir do Mediterrâneo… contra o campo de contêineres do porto de Latakia”, informou a agência estatal SANA, que citou uma fonte militar.
A agência não informou vítimas no ataque, mas destacou que provocou incêndios e “grande dano material”. Vários edifícios próximos ao porto, incluindo uma clínica e lojas, foram atingidos.
Desde o início da guerra civil na Síria em 2011, Israel executou centenas de ataques aéreos no país vizinho, principalmente contra posições do governo, forças apoiadas pelo Irã e combatentes do movimento Hezbollah.
De acordo com a agência SANA, que exibiu imagens dos bombeiros tentando controlar um grande incêndio, os contêineres atacados armazenavam “óleo e peças de reposição para carros e outros veículos”.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede em Londres e que tem uma ampla rede de fontes na Síria, afirmou que os contêineres armazenavam “armas e munições”, mas informou que “não está claro” se eram procedentes do Irã.
“O bombardeio provocou violentas explosões que foram ouvidas na cidade de Latakia e arredores”, afirmou o OSDH.
Em 7 de dezembro, Israel executou ataques contra um carregamento de armas iranianas no porto de Latakia, oeste da Síria, sem provocar vítimas, segundo a ONG.
Na ocasião, a agência SANA afirmou que o bombardeio atingiu contêineres comerciais.
Sem comentários
“Não comentamos informações da imprensa estrangeira”, declarou à AFP nesta terça-feira uma fonte do exército israelense.
Israel raramente comenta os ataques que realiza em seu vizinho do norte, com o qual permanece oficialmente em guerra, mas confirmou centenas deles desde 2011, quando começou o conflito civil na Síria.
De acordo com um relatório do exército israelense, em 2020 o país atacou quase de 50 alvos naquele país.
Israel defende as operações e afirma que pretende conter a crescente influência do Irã, principal aliado do regime sírio, ao qual fornece ajuda política, econômica e militar desde o início da guerra em 2011.
Recentemente, o estado hebreu intensificou os bombardeios na Síria. Em 3 de novembro atacou depósitos de armas e munições nas proximidades de Damasco e no final de outubro matou cinco combatentes vinculados ao Irã também perto da capital, de acordo com o OSDH.
A ONG afirma que as ações de Israel provocaram 130 mortes, incluindo cinco civis e 125 combatentes, desde o início do ano na Síria.
Muitos, 57, faleceram em um bombardeio em 13 de janeiro de 2021 no leste da Síria, o mais violento até agora.
Nesta guerra às sombras contra o Irã, Israel também executou atos de sabotagem dentro da República Islâmica contra o programa nuclear de Teerã.
O conflito civil na Síria deixou quase meio milhão de mortos desde o início em 2011.
Em 2021, esta guerra provocou 3.746 mortes, de acordo com o OSDH, uma redução significativa na comparação com o ano anterior e o menor balanço desde 2011.
Fonte: Reuters