Levantamento ainda mostra que diversificação de carteira é o principal motivo do brasileiro para investir e criptomoedas
Em meio a uma das semanas mais importantes da história das criptomoedas, com El Salvador se tornando o primeiro país do mundo a adotar o Bitcoin como moeda oficial, uma pesquisa mostra que populações de outros países da América Latina, incluindo o Brasil, têm interesse em fazer o mesmo.
Estudo encomendado pela Sherlock Communications e feito pela plataforma Toluna mostra que 48% dos entrevistados acham que o Brasil deveria adotar o Bitcoin como moeda, sendo desse total, 31% que concordam e 17% que concordam fortemente com o tema.
Outros 30% não concordam nem discordam que o país deveria ter a criptomoeda, enquanto 12% discordam e 9% discordam fortemente.
Foram ouvidas 2.700 pessoas, com mais de 18 anos, de sete países além do Brasil: Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Venezuela e México. Para realizar o questionário foi usado um painel online na plataforma da Toluna.
“Os brasileiros foram os maiores defensores do cripto-reconhecimento na região, com 56% apoiando a abordagem de El Salvador e 48% dizendo que querem que o Brasil também a adote”, diz o estudo.
Sobre o impacto das criptomoedas para o comércio global, 32% dos brasileiros apontaram que elas devem aproximar as economias mundiais, enquanto 31% falaram em facilitação do intercâmbio internacional de dinheiro.
Outros 30% dos entrevistas acreditam que elas podem acabar com as moedas locais. Cada entrevista podia escolher até 3 respostas nesta questão.
Dentre as alternativas menos votadas ficaram o aumento da evasão de impostos para os mais ricos (12%), tornar as viagens mais fáceis (13%) e aumento de crimes e lavagem de dinheiro (13%).
Apesar da vontade de adotar o Bitcoin como dinheiro, os brasileiros ainda acreditam que o país está muito atrasado na comparação com outros países quando o assunto é o mercado cripto como um todo, com 35% dos entrevistas tendo essa visão.
Outros 31% disseram que o Brasil está progredindo, enquanto 23% acreditam que nos próximos anos teremos muito mais usuários desse mercado. 4% dos entrevistados acham que é um tema sem futuro no país. 5% não apontaram nenhuma das alternativas e 2% citaram outras respostas.
A pesquisa também ouviu dos entrevistados quais criptomoedas eles conhecem e o Brasil registrou a população que mais conhece o Bitcoin (92% disseram conhecer), Litecoin (30%) e Dogecoin (16%), e ficando atrás apenas da Argentina sobre o conhecimento em Ethereum.
Motivos para se investir em criptomoedas
O levantamento também questionou os entrevistados sobre os motivos pelos quais eles investem em criptomoedas, sendo que para os brasileiros o fator principal foi a diversificação de carteira, com 55% das respostas.
Os consultados podiam escolher até três respostas e em segundo lugar ficou “para proteger meus ativos da inflação e da instabilidade financeira”, com 39%. Esta, porém, foi a resposta principal dos argentinos, com 58%.
Enquanto isso, para 37% dos entrevistados brasileiros, o investimento em moedas digitais serve para se manter em dia com a tendência tecnológica. Já 28% disseram que é para receber dinheiro por trabalhos realizados para empresas estrangeiras.
Completam ainda a lista de motivos: realizar transferências financeiras com custos menores (19%); enviar e receber dinheiro de familiares e amigos no estrangeiro (13%); e não investem em criptomoedas (12%). 2% disseram outros motivos.
No relatório da pesquisa, a Sherlock destaca que os “ETFs (fundos de índice) de criptomoedas emitidos no Brasil permitem que as pessoas invistam em criptomoedas de uma forma regulamentada, permitindo que investidores mais conservadores experimentem esse mercado.
“Os três sandboxes regulatórios na América Latina são Brasil, México e Colômbia, países que estão abertos para experimentar e inovar com blockchain e criptomoedas”, diz ainda o documento.
A empresa lembra ainda que conforme os preços das moedas digitais sobem e atingem máximas históricas, é natural que mais pessoas na América Latina queiram surfar nessa onda de criptos. “A educação e a experiência do usuário continuam sendo os principais obstáculos para a adoção em massa, mas quando a economia está em jogo, a adoção de novas tecnologias se torna muito mais atraente”, pondera a Sherlock.
Os medos dos investidores
Apesar da queda dos brasileiros que dizem não investir em criptomoedas, passando de 33% no estudo de 2020 para atuais 12%, ainda existem muitos fatores que explicam o fato das pessoas não colocarem dinheiro nestes ativos.
Para 42% dos entrevistados, o principal problema é a preocupação com a segurança do dinheiro que fica investido em criptomoedas, indicando um temor maior com notícias de golpes envolvendo o Bitcoin e outras moedas digitais.
Já 37% indicaram a instabilidade e as variações do mercado como a principal razão para não usarem criptomoedas hoje, enquanto 33% disseram que não possuem dinheiro suficiente para investir.
Outros dois itens muito citados têm relação com o conhecimento da classe de ativos, com 26% dizendo que não sabe o suficiente para investir em criptomoedas, enquanto 22% dos entrevistados disseram que não acreditam ter habilidades técnicas para isso.
Por outro lado, para 45% dos brasileiros ler e compreender mais sobre criptos é o principal fator que daria mais confiança para investir nesse mercado.
Além disso, outros pontos que tiram a confiança dos investidores também têm relação com as plataformas, sendo que para 39% faltam empresas mais confiáveis para se investir, enquanto 36% citaram a necessidade de uma plataforma fácil de usar e que não necessitem de muitos conhecimentos especializados.
O relatório cita que o Brasil possui hoje cerca de 1,4 milhão de usuários de criptomoedas registrados, sendo que dados da Distrito Fintech mostra que existem mais de 180 startups ativas relacionadas com blockchain, com 80% delas criadas nos últimos cinco anos.
Fonte: InfoMoney