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Quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Mercado perdeu paciência que vinha mostrando com cena doméstica, diz economista

Mesmo com avanço da vacinação, a variante Delta do novo coronavírus vem mexendo com as bolsas ao redor do mundo. Esse impacto negativo também tem sido visto no Brasil, mas, aqui, a forma errática do governo lidar com o risco fiscal e a escalada da crise institucional nas últimas semanas deixam o cenário mais difícil. 

“A crise politica dificulta uma resposta organizada a problemas econômicos sérios do país, notadamente inflação e déficit público, nossa marca histórica, e mostra o governo mais empenhado ao calendário eleitoral do que com o cenário fiscal”, diz Pedro Paulo Silveira, diretor de gestão da Nova Futura Gestão de Recursos.

“A solução é difícil, tem muita gente envolvida, e o mercado perdeu um pouco da paciência que vinha mostrando desde julho, quando esse cenário ficou mais explicito. Com isso, os últimos pregões vêm acelerando um pouco mais a saída de posições em ativos brasileiros”, diz.

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, já acumulava perda semanal de 4% na manhã desta sexta-feira, correndo o risco de ter pior semana dos últimos seis meses. Desde junho, já caiu 10% e ronda os 116 mil pontos. Há dois meses, estava nos 130 mil. 

“O que o mercado tem mostrado é que é difícil esperar que o governo estabilize o déficit público”, diz o analista, citando a taxa de juros futuros (2027 / 2028) — medida de percepção de risco que o mercado tem do Brasil –, que já chegou à mínima histórica em junho enquanto a bolsa batia a máxima. Atualmente, porém, as direções mudaram. 

“A partir da virada do mês, de junho para julho, houve piora na percepção fiscal, com a intenção do governo de reformular o Bolsa Família, com o plano de parcelar os precatórios para financiar um, novo programa social. Todo esse conjunto de posturas fiscais não muito ortodoxas pioraram a percepção do mercado, a taxa de juro vem subindo, bolsa vem caindo. O governo precisa sinalizar que vai reverter isso”, diz. 

O caminho, segundo Silveira, seria o governo “mudar sua postura em relação à reforma do Imposto de Renda, cuja proposta tem mudado bastante, melhorar a posição sobre a PEC dos precatórios, com o novo Bolsa Família, enfim, precisaria sinalizar que se preocupa um pouco menos com as eleições de 2022 e mais com o déficit no futuro”.

Fonte: CNN Brasil