De um lado, um homem tranquilo, que veste roupa social e fala pouco com os árbitros. Do outro, com agasalho e calça do clube, um estilo mais enérgico e verborrágico, de gestos e manifestações que não raramente rendem cartões amarelos.
A postura de seus técnicos à beira do gramado deverá ser a mesma de todos os clássicos anteriores, mas os torcedores de Palmeiras e São Paulo sabem que o confronto desta terça (17) não se trata apenas de mais um Choque-Rei para o histórico do confronto.
Após empate em 1 a 1 no Morumbi, no jogo de ida das quartas da Libertadores, os times duelam no Allianz Parque por vaga nas semifinais.
Campeão da última edição do torneio, o Palmeiras de Abel Ferreira precisa apenas de um empate sem gols para chegar mais uma vez entre os quatro melhores da América e defender o título.
É uma tarefa, em tese, que se encaixa no estilo de jogar da equipe, sempre aproveitando melhor as roubadas de bola para atacar de forma direta o adversário do que propondo um jogo mais elaborado, com o controle da posse e paciência na construção.
O perfil extremamente competitivo espelha de certa forma o que é o seu treinador. A área técnica que fica na lateral do campo quase nunca parece suficiente para Abel Ferreira, que vive as partidas de maneira intensa. Tão intensa a ponto de extrapolar os limites do aceitável, ao menos de acordo com os árbitros.
No último fim de semana, na derrota para o Atlético-MG, pelo Brasileiro, o português reclamou bastante da expulsão do meia Patrick de Paula e foi também expulso pelo árbitro Bruno Arleu de Araújo.
Desde que chegou ao Palmeiras, em novembro do ano passado, já são 17 cartões na conta do técnico –14 amarelos e três vermelhos.
O estilo verborrágico não serviu apenas para as reclamações com personagens de fora, mas também para cobrar a diretoria do próprio Palmeiras.
No início da temporada, Abel entendia que, após terminar um 2020 exitoso (mas desgastante), a equipe precisava de reforços de peso para seguir protagonista. Um apelo que não foi atendido pela diretoria.
Bem diferente de Abel Ferreira é a postura do argentino Hernán Crespo, que tenta levar o São Paulo à sua primeira semifinal de Copa Libertadores desde 2016.
Tranquilo à beira do campo, Crespo raramente cobra os árbitros durante as partidas.
As únicas reclamações mais fortes do técnico tricolor aconteceram nas primeiras rodadas do Nacional, quando entendeu que o São Paulo foi prejudicado contra Fluminense (0 a 0), por um pênalti não marcado, e Chapecoense (2 a 2), pela expulsão de Rodrigo Nestor, ambos no Morumbi.
Nesta terça-feira, o argentino tentará manter o retrospecto positivo diante do Palmeiras. São quatro empates e duas vitórias para Hernán Crespo, incluindo a conquista do Paulista sobre o rival.
Para este confronto, porém, apenas manter a invencibilidade não basta. O São Paulo terá que marcar gols para buscar a classificação. E Crespo, o diplomático, precisará ser um visitante incômodo se quiser seguir na Copa Libertadores.
Fonte: FolhaPress/Bruno Rodrigues