Um dos movimentos por trás dos gigantescos protestos pró-democracia em Hong Kong em 2019 anunciou sua dissolução neste domingo (15). O CHRF (sigla, em inglês, para Frente de Direitos Civis Humanos) disse que enfrenta “desafios sem precedentes”.
O grupo foi fundado em 2002 defendendo a não violência e deu origem a diversos protestos organizados em Hong Kong pelo avanço dos direitos humanos. Em 2019, mobilizou milhões de pessoas nas ruas da cidade nos protestos pró-democracia.
A maioria dos ativistas do CHRF já foi presa, incluindo os ex-líderes do movimento pró-democracia Jimmy Sham e Figo Chan. Cerca de 30 outras organizações da sociedade civil em Hong Kong já se dissolveram por medo da repressão, de acordo comum levantamento realizado pela AFP.
A decisão do CHRF ocorre em meio a uma investigação policial por possível violação da legislação de segurança. O grupo disse que realizou uma reunião, na sexta-feira (13), em que os membros decidiram se separar.
“No ano passado, o governo continuou a usar a epidemia como desculpa para rejeitar os pedidos de manifestações do CHRF e de outros grupos”, declarou a organização em um comunicado neste domingo.
O CHRF afirmou que cerca de US$ 205 mil em ativos seriam doados a outras organizações.
A dissolução vem na esteira de um movimento semelhante realizado pelo Sindicato dos Professores Profissionais, depois de ter sido criticado pela mídia estatal chinesa e pelas autoridades de Hong Kong, aumentando as preocupações com a repressão ao movimento de oposição da cidade.
A decisão também lança uma sombra sobre o futuro do comício de 1º de julho, que marca a transferência da ex-colônia britânica para Pequim em 1997 e que tradicionalmente vê milhares de pessoas tomando as ruas para protestar contra o governo.
Fonte: FolhaPress