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Terça-feira, 5 de novembro de 2024

Endividamento chega a recorde de 71,4% dos brasileiros, segundo a CNC

Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) informou nesta quinta-feira (5) que número de brasileiros endividados bateu recorde histórico no levantamento feito pela entidade desde 2010. No mês de julho, eram 71,4% do total dos consumidores que carregavam alguma dívida, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

A sondagem é realizada mensalmente. No mês passado, a alta constatada foi de 1,7 ponto percentual em relação a junho. Comparado a um ano atrás, o índice teve aumento de 4 pontos percentuais.

Segundo a entidade, os números elevados são reflexo direto de uma junção de fatores ruins da economia. A equação inclui o momento de inflação elevada, a redução dos estímulos sociais criados durante a pandemia do coronavírus e os níveis ainda altos de desemprego. São itens que diminuem o poder de compra e deterioram os orçamentos domésticos.

“A RENDA DOS CONSUMIDORES ESTÁ AFETADA PELAS FRAGILIDADES DO MERCADO DE TRABALHO FORMAL E INFORMAL, COM O AUXÍLIO EMERGENCIAL DESTE ANO SENDO PAGO COM UM VALOR MENOR”, AFIRMA EM NOTA JOSÉ ROBERTO TADROS, PRESIDENTE DA CNC.

A CNC divide os pesquisados em duas faixas de renda, entre menor e maior que 10 salários mínimos. Entre as famílias que recebem menos, o percentual de endivididamento passou de 70,7%, em junho, para 72,6%, em julho. Trata-se de recorde da série histórica. Em julho de 2020, eram 69%.

Para as famílias de maior renda, a proporção sobe de 65,5% para 66,3% em julho, mais um recorde. No ano passado, eram 59,1%.

Nível de endividamento do brasileiro em julho de 2021 — Foto: Divulgação/CNC

Segundo a CNC, a parcela média da renda comprometida com dívidas saltou para 30,5% da renda mensal, a maior proporção desde novembro de 2017. Nas famílias com menor, essa parcela alcançou 31% da renda, a maior proporção desde maio de 2016. Nas mais ricas, o percentual chegou a 28%, fatia mais elevada desde agosto de 2020.

Cartão de crédito

Com a deterioração da renda, o uso do cartão de crédito subiu forte, chegando a 82,7% do total de famílias com dívidas – mais uma máxima histórica da pesquisa.

“A MODALIDADE É A MAIS DIFUNDIDA PELAS FACILIDADES DO MEIO DE PAGAMENTO, PORÉM A QUE OFERECE O MAIOR CUSTO AO USUÁRIO, QUANDO SE TORNA CRÉDITO ROTATIVO”, DIZ A CNC.

“O tempo de atraso no pagamento das dívidas também vem crescendo, reflexos das dificuldades enfrentadas pelas famílias na faixa de menor renda para quitarem seus compromissos financeiros em dia”, segue o texto.

Carnês e financiamento de carros compõem o pódio de modalidades mais comprometedoras do orçamento familiar, com 18% e 12,6% das respostas, respectivamente.

Os números preocupam porque o aumento do endividamento pode levar a um potencial de crescimento da inadimplência. Segundo a CNC, o tempo médio de atraso na quitação das dívidas aumentou pela segunda vez, atingindo 61,9 dias em julho, maior prazo desde fevereiro.

“NOS DOIS ÚLTIMOS MESES, DIMINUIU O PERCENTUAL DE FAMÍLIAS COM ATRASOS ATÉ 30 DIAS, PORÉM AUMENTARAM OS ATRASOS ENTRE 30 E 90 DIAS E OS ACIMA DE 90 DIAS, INDICANDO QUE AS FAMÍLIAS INADIMPLENTES ESTÃO PRECISANDO DE MAIS PRAZO PARA QUITAREM SEUS COMPROMISSOS EM ABERTO”, DIZ A CNC.

Fonte: G1