O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (PMDB), sancionou nesta terça-feira (27) a lei que pune com o fim da fila os moradores que se recusarem a tomar a vacina contra a Covid-19 devido à fabricante do imunizante, conhecidos como “sommeliers de vacina”.
A punição foi proposta por um grupo de vereadores, aprovada na Câmara Municipal e sancionada pelo prefeito por meio de publicação no Diário Oficial do Município.
A partir de agora haverá um protocolo de vacinação diferenciado para os que se recusarem a tomar a primeira dose da vacina disponível nos postos de saúde.
A medida não vale para grávidas e puérperas (mulheres que deram à luz há menos de 45 dias) e para pessoas com comorbidades.
“A renúncia ao imunizante motivará a suspensão do direito à vacinação no período regular previsto dentro do cronograma do Plano Municipal de Imunização na rede municipal de saúde”, diz trecho da lei.
Os “sommeliers de vacina” serão incluídos novamente no programa depois do término da imunização dos demais grupos. Eles deverão assinar um termo de recusa, que será anexado ao cadastro único do paciente na rede municipal de saúde.
A lei não especifica de que maneira isso será feito, já que a maior parte das pessoas que recusam alguma dose o fazem antes mesmo de entrar na fila, quando questionam funcionários dos postos de saúde sobre quais são as vacinas que estão sendo aplicadas no dia.
A Secretaria Municipal da Saúde diz que providencia a regulamentação da lei, determinando que a ação dos profissionais de saúde seja voltada às orientações e convencimento das pessoas para receber a vacina, explicando detalhadamente os riscos de não ser imunizado e a eficiência que é semelhante entre todos os imunobiológicos disponíveis.
A pasta esclarece ainda que o nível de adesão à vacinação antiCovid na capital paulista é muito elevado em todas as faixas etárias, alcançando cerca de 98%. A lei já passa a valer na data de sua publicação.
MECANISMOS CONTRA ‘SOMMELIERS DE VACINA’
Levantamento recente do jornal Folha de S.Paulo mostrou que ao menos 25 cidades brasileiras, incluindo 5 capitais, iniciaram um contra-ataque contra os “sommeliers de vacina”.
As medidas que já estão em prática englobam bloqueio por dois meses no sistema eletrônico de agendamento da vacinação, ida automática para o fim da fila e encaminhamento do caso para promotorias a fim de apurar crimes contra a saúde pública.
Em alguns casos, para evitar a clássica pergunta “qual vacina vocês estão aplicando hoje?”, os técnicos de enfermagem só informam o fabricante na hora exata da aplicação. Outra saída encontrada foi fixar um tipo de imunizante para cada faixa etária específica e apostar em campanhas e memes nas redes sociais para tentar driblar a escolha.
Em São Paulo, ao menos outras 12 cidades resolveram colocar as ações em prática para evitar travamento no processo de imunização: Campinas, Embu das Artes, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Rio Grande da Serra, Osasco, São José do Rio Preto, Jales, Urupês, Lorena, São Roque e Cerquilho.
Cinco capitais brasileiras -Recife, João Pessoa, Porto Alegre, Belo Horizonte e Goiânia- também começaram a dar respostas.
Fonte: FolhaPress