Cultura
Quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Bienal de São Paulo abre comemorações de seus 70 anos de história com podcast

 Uma das mais importantes pinturas do século 20 foi transportada para seu local de exposição em São Paulo num caminhão que ficou atolado na lama. Depois de sair da Itália e cruzar o oceano Atlântico de navio, a “Guernica”, de Pablo Picasso, teve de passar pelo barro do parque Ibiraquera então em construção, no início da década de 1950, antes de ser instalada no pavilhão onde aconteceu a segunda edição da Bienal de São Paulo.
O percurso insuspeito da tela monumental de três metros e meio de altura por oito metros de comprimento –e o demorado trâmite da negociação de sua vinda para o Brasil, que incluiu a intermediação do artista Cícero Dias– é uma das histórias de um podcast que a Bienal de São Paulo lança a partir deste sábado, dando início às comemorações dos 70 anos do evento, a segunda bienal de artes mais antiga do mundo, depois da de Veneza.
A ideia do podcast é “ampliar o público da Bienal, aquelas pessoas que não têm contato diário com a arte contemporânea e com a crítica de arte”, diz Antônio Thomaz Lessa Garcia, superintendente executivo da Fundação Bienal de São Paulo, justificando a escolha do formato, em alta nos últimos tempos.
Os dez episódios do programa, chamado “Bienal, 70 Anos”, vão enfocar histórias inusitadas como esta, mas também abordarão momentos tensos da Bienal, como o boicote dos artistas a uma edição durante a ditadura e a vez em que um andar inteiro do pavilhão onde ela ocorre ficou vazio.
Além do podcast, há uma série de outros lançamentos em homenagem aos 70 anos do evento. Ainda neste mês, sai um curta-metragem documental sobre o arquivo histórico da Bienal –o filme tem participação de Lima Barreto, que emprestou sua voz para interpretar Ciccillo Matarazzo, o principal responsável por pôr o evento de pé em seu começo.
Ainda em julho chega às livrarias uma edição atualizada da “Linha do Tempo da Bienal de São Paulo”, publicação em formato de sanfona que se desdobra por mais de quatro metros e contém um breve resumo de cada uma das edições.
Para o ano que vem estão previstos um livro de crônicas e ensaios inéditos com organização de Paulo Miyada, curador-adjunto da edição da Bienal deste ano, e quatro documentários em média-metragem sobre a história do evento, todos dirigidos por Carlos Nader, documentarista que ganhou três vezes o festival É Tudo Verdade.
Desde a primeira edição, inaugurada em outubro de 1951, foram produzidas 33 bienais, com a participação de aproximadamente 140 países, 11,5 mil artistas ou coletivos, mais de 70 mil obras e 8,5 milhões de visitantes.
A 34ª edição, intitulada “Faz Escuro Mas Eu Canto”, acontece entre 4 de setembro e 5 de dezembro deste ano e dará ênfase a artistas de meia-idade, nascidos nas décadas de 1970 e 1980, e indígenas.

Fonte: FolhaPress/João Perassolo